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A arte de fazer política

A arte de fazer política

Cenas devastadoras de um candidato que construiu em detalhes o enredo do seu próprio fim

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jan 23, 2025
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A arte de fazer política
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Causa uma sensação estranha pensar sobre o lodo acumulado na ETA Luiz de Queiroz, em Piracicaba, no final do mandato de Luciano Almeida. Não deve ter sido apenas teimosia do então candidato à reeleição não dar o destino correto ao resíduo. Porque tudo teria se resolvido de forma muito simples. Alguma força negativa o obscureceu a vista, só pode. Não é possível o lixo estar apenas se avolumando ali, diante dos seus olhos, e ele, mesmo assim, sabendo que a cidade ia gritar, ter se mantido neutro, sem proatividade.

Faltou assessoria? Houve conluio dos técnicos do Semae? Independente dessas possibilidades, o fato é que ele deixou a situação piorar, como se tivesse enfrentando demônios do pântano. Em uma metáfora ainda mais agressiva, politicamente falando, foi como se o lodo tivesse soterrado suas perspectivas eleitorais e ele queria desaparecer do cenário de forma mágica, para ficar na história. Ele nem gritou. Gritou, sim, contra os que o alertavam sobre a gravidade do problema, com o Ministério Público e a própria Justiça, mas sem motivos.

Quando Helinho Zanatta foi visitar a unidade, após eleito, viu o drama e perguntou para o mesmo técnico ao lado, que acompanhou LA no mesmo local um mês antes: “O que podemos fazer para acabar com este problema?”. A resposta deve ter sido de uma profundidade abissal. “Retirar o lodo”. Em apenas um segundo, Helinho tomou a decisão. “Então vamos começara a retirá-lo agora.” É cena de filme de comédia. Teria sido de terror se de fato o corpo de LA estivesse ali, sob o volume assustador de material sedimentado.

Por isso, se fosse possível sintetizar a metáfora de Helinho durante a eleição, o “desenrola” seria o mesmo que afirmar: “Tire o lixo da frente que o problema será facilmente identificado e resolvido”. Não há enigma na ETA Luiz de Queiroz, mas o lodo ainda ofusca esta memória recente de uma cidade que assistiu, sem compreender direito, cenas que tratavam de uma maneira funesta a arte de fazer política. Cenas devastadoras de um candidato que construiu em detalhes o enredo do seu próprio fim.

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