A Boyes precisa de um bom projeto privado para não cair de abandono
Por Romualdo da Cruz Filho
Em artigo enviado hoje (30/08) à imprensa, a candidata a prefeito de Piracicaba/SP, Professora Bebel (PT), reafirma sua vocação estatizante ao tratar dos barracões da antiga fábrica Boyes, próxima ao rio Piracicaba, e alimenta fake news danada.
Primeiro, afirma que os prédios estão “destinados à demolição para construção de um empreendimento imobiliário”. A verdade é outra. Aquela suntuosidade arquitetônica está se desfazendo sozinha, a olhos vistos, há muitos e muitos anos, e tende a cair sozinha se nada for feito.
Um empreendimento no local seria a melhor saída para dar vida aos barracões e preservá-los, o que se exige uma parceria muito bem elaborada com a iniciativa privada. Mas para isso, é preciso um projeto de quem tenha interesse direto pelo empreendimento, quer seja, a iniciativa privada. Afinal, a unidade foi comprada em leilão por empresários.
Foi o que aconteceu e há sim um projeto apresentado para avaliação dos órgãos competentes. Trata-se de um mix envolvendo restauro, preservação e novas construções, a fim de viabilizá-lo economicamente.
Evidente que a proposta pode ser considerada inadequada em alguns aspectos, o que exigiria uma reelaboração, para que se alcance maior equilíbrio e reduza eventuais impactos ambientais. Isso exige diálogo e maturidade para se aproveitar o potencial da iniciativa.
Não dá para dizer que um empreendimento daquela envergadura, como o apresentado, vise simplesmente eliminar o patrimônio histórico, cometendo assim “um verdadeiro crime contra a cidade”, como Bebel afirma. Isso é mentira.
Está se falando em investimentos monetários elevados, que vão gerar emprego e renda, além de tornar o local um ponto turístico expressivo, que hoje não é. Reafirmando, não se trata de deixar que se faça qualquer coisa do local. Por isso que o diálogo foi aberto, com a apresentação do projeto.
A própria Bebel fala que “aqueles espaços sejam requalificados para que a população de Piracicaba possa dele usufruir”. Parece que está falando a mesma língua, mas o entendimento dela é o avesso da iniciativa privada. É estatizar os cacos da Boyes e torná-lo um complemento do Engenho Central.
Seria, segundo ela, mais um espaço para se fazer atividades culturais, mantidas pelo governo municipal. Parece que não passa pela cabeça da petista a possibilidade de emancipação cultural da cidade, que, por fundamento, deve se desenvolver sem os cabrestos do governo.
Além de que, desfoca a função de um governo, que deve se centrar na saúde, educação e segurança. Se falta recurso até para que essas funções sejam melhor desenvolvidas pelo governo municipal, por que se meter em empreendimento imobiliário?
Os recursos públicos não são para este fim, patrimonialista. A sociedade deve tomar a rédea desse processo, com responsabilidade. Um bom projeto para Boyes, que alie investimentos privados e preservação de patrimônio histórico, é o que há de mais saudável. O resto é petismo, é manipulação, é controle político e ideologia. Dinheiro não dá em árvore.