A caminho da cidade inteligente
A visão de Helinho Zanatta, apresentada durante o balanço dos seus 100 dias de governo, é animadora, pois pode significar de fato uma mudança de paradigma
É inegável a habilidade de Helinho Zanatta (PSD) para tratar das questões relacionadas à gestão pública. Ele fala com propriedade sobre os nós que dificultam o bom desempenho de um governo municipal, demonstra segurança em relação ao que diz e apresenta caminhos para solucionar os problemas.
A apresentação dos 100 dias do seu governo foi uma aula de gestão pública. Helinho Zanatta conseguiu transitar por todas as secretarias, apontando para o desalinho geral dos protocolos existentes e da necessidade de ajustar não só os processos como também a visão de governo para se obter melhores resultados.
Se há uma palavra de maior valor que sintetize sua explanação, foi ‘integração’, que ele diz buscar entre as pastas. Não se trata de um desafio muito simples, uma vez que cada secretaria demanda um tipo de serviço, o que requer programas distintos para cada uma delas. Mas é fato que o desperdício de dinheiro e de potencial pela dificuldade de se estabelecer interface entre os programas e as pastas é enorme.
A Saúde, por exemplo, sempre foi um setor de desperdício de recursos e de dinheiro. Vários governos tentaram solucionar o problema, mas, passadas décadas, o problema persiste. O próprio usuário da rede SUS pode certificar quantos exames repetidos já fez porque não existe um sistema que aloje os documentos em condições de serem acessados por qualquer profissional da área, de outros setores, mas da mesma secretaria.
Uma pessoa vai à UPA, por exemplo, e faz exames de sangue. Quando volta à atenção primária a fim de dar continuidade ao tratamento do seu problema, os exames feitos na semana anterior estão perdidos e precisam ser realizados novamente. Exatamente porque a UPA não fala com a Atenção Básica. Esse é um exemplo menor.
A visão de Helinho Zanatta, apresentada durante o balanço dos seus 100 dias de governo, é animadora, pois pode significar de fato uma mudança de paradigma em Piracicaba, onde as gestões pretéritas bateram cabeça e não entraram em acordo com as novas tecnologias.
O próprio Luciano Almeida, com sua Piracicaba sem Papel, criou um ambiente desconectado, em que o usuário precisa voltar outro dia ao Centro Cívico para pegar um simples visto, garantindo que seu documento foi protocolado no dia anterior. Sem papel e sem visto, com o custo do desgaste nas costas do usuário.
O olhar de Helinho vai além. Ele busca alinhar os processos para que Piracicaba possa receber mais recursos estaduais e federais. A falta de documentação muitas vezes é o que barra a participação do município em programas de outras instâncias que dispõem de recursos financeiros valiosos. Muitos documentos não existem devido à burocracia excessiva e de desconexão entre as pastas. Por isso a palavra desburocratização e sistematização caíram muito bem em suas explanações.
Com menos burocracia e a integração entre as pastas, além do geoprocessamento, chegaremos de fato a uma Piracicaba 3D. Pois não basta apenas uma visão geográfica em detalhe do município, que é o objetivo da Cidade 3D, para que os avanços estruturais do mesmo sejam notados. É preciso também uma visão integrada dessa estrutura para que ela funcione em sua plenitude, constituindo assim o que se pode chamar de cidade inteligente, ou algo mais próximo disso.