A guerra é de Putin; a Ucrânia apenas se defende
Ver de outra forma o conflito é dar razão a Putin e a Lula, aliados nessa iniciativa atroz
Após três anos e meio sendo agredida pelos soldados russos, a Ucrânia ainda resiste. Por outro lado, sem dar um passo a mais em suas conquistas, desde 2022, a máquina de guerra de Putin só contabiliza perdas.
Este ano, apenas nas regiões de Kharkiv, Luhansk e Donetsk, a Rússia perdeu quase 210 mil soldados no conflito (entre mortos e feridos), 2.174 veículos blindados de combate, 1.201 tanques, 7.303 sistemas de artilharia e 157 sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, destruídos e danificados. Estes dados recentes são da Ucrânia, evidentemente, porém, não questionados pelo inimigo.
O cenário é muito complicado para o líder russo, que não consegue meios para se apropriar de territórios e apenas contabiliza destruição de cidades e de alvos civis em sua empreitada doentia. Suas armas destroem, mas não pensam. Mesmo em desvantagem estrutural, os soldados ucranianos demonstram, portanto, desenvoltura ao se defender.
Agora, com liberdade para atacar a própria Rússia, ampliam muito as chances de imobilização da infraestrutura de guerra do inimigo, como fontes de abastecimentos de combustível para aviões e veículos diversos, postos de comando, fábricas de armas, sistemas de transportes de trem e redes de energia, enfim. É o que está acontecendo e, assim, as forças russas vão sendo limitadas e contidas.
O abastecimento da frota civil na Rússia está prejudicado, o que tem levado as consequências da guerra insana para o dia a dia da população. Mais um problema para Putin, que tentava manter o seu país alheio às trapaças no front. No entanto, nada do que planejava está acontecendo.
Enquanto isso, no Brasil ainda se escreve que a guerra na Ucrânia precisa ter um fim e para isso é preciso um acordo de paz. Até aí, um óbvio ululante. Mas pouco se fala, porém, que quem alimenta a guerra é a Rússia e se Putin decidisse parar suas agressões, ela acabaria do dia para a noite. Nada depende da Ucrânia nesse sentido, que apenas se defende de um exército agressor.
A visão distorcida de que a guerra ocorre porque os dois lados insistem em continuá-la é de uma ingenuidade atroz. Ou de uma idiotice atroz. Apenas um lado insiste em continuá-la e isso é suficiente para que ela continue. A Ucrânia parar a guerra é o mesmo que parar de se defender e entregar seu país ao inimigo, que busca de todas as formas conquistá-la.
A luta do ocidente é para interromper o plano de Putin e de convencê-lo do absurdo de sua iniciativa. As perdas no front, no entanto, parecem não ser suficientes para sensibilizá-lo. O pensamento equivocado de que Zelensky teria alguma culpa pelo confronto é alimentado apenas por pessoas desinformadas ou aliadas da ditadura de Putin, como o presidente do Brasil.