A petezada age com agressividade nos espaços de comentários
O problema não é a divergência de ideias, mas as ideias erradas que atendem apenas a um interesse maior, ideológico
O problema não é o que se escreve na imprensa sobre a crise do STF diante do caso Jair Bolsonaro. O mais grave é a desinformação do leitor, que, ao ler e julgar o que leu, manifesta seu sentimento sem considerar que pode estar sendo levado por ideias infundadas. Há leitores que não leem para buscar informação, mas apenas para contestar aquelas que não batem com seu repertório de bobagens. A página do site Viletim no Facebook, por exemplo, tem sido visitado por pessoas desse segundo escalão, que deixam registradas suas observações no espaço de comentários, evidenciando o nível de obscurantismo em que se encontram sobre o assunto.
Ah, sim, existe o leitor que é agressivo, mas não tem formação cultural para perceber uma metáfora sequer. Há aquele que mistura informações erradas sobre o passado recente e o compara com o que acontece no momento, ou como ele acha que está acontecendo. Nesse empastelamento geral, predominam as ideologias. São os leitores que, sem querer, querendo, trabalham para que predomine uma certa ideia de realidade, condizente com a linha política que faz sua cabeça. Não digo que sejam ideias de direita ou de esquerda. Longe disso. São ideias erradas somente.
O ex-ministro do Supremo, Marco Aurélio de Mello, afirmou hoje (23), em matéria do Estadão, que as decisões do ministro Alexandre de Moraes são incompreensíveis ao estado democrático de direito e serão cobradas pela história. Ele diz categoricamente que a censura prévia a Bolsonaro é ‘mordaça’. Esta é a linha seguida pelo editorial do mesmo jornal em questão. O ministro não está defendendo um lado, enfatizo, mas o encaminhamento do processo legal em si, que está perturbado por questões subjetivas, ou seja, eivado de intervenções abusivas de Moraes, o que compromete a lisura do julgamento.
“Na visão do ex-ministro, Bolsonaro está sendo submetido a humilhação, com o uso da tornozeleira eletrônica, e sendo tratado “como se fosse um bandido de periculosidade maior”. Ele ressaltou que, se estivesse na Corte, acompanharia a divergência do ministro Luiz Fux, e lamentou que os magistrados estejam agindo por ‘espírito de corpo’ ao apoiarem os atos de Moraes”. É o que está na coluna da jornalista Roseann Kennedy.
Esta foi também a opinião que manifestei em colunas anteriores no site Viletim, mas que a galera da desinformação resolveu metralhar com afirmações toscas sobre o próprio site. Um leitor inclusive resolveu afirmar que Lula, durante o Lava Jato, havia sido preso esperando julgamento e proibido de ir ao velório de familiares. Por que Bolsonaro não poderia ser proibido de se manifestar, uma vez que fica espalhando ódio?. Está no espaço de comentários do Facebook
São paralelos que não existem. Lula já havia sido julgado em segunda instância e podia ser preso, como foi. Tanto é que estava preso quando o irmão morreu. Para evitar comoção social, a ida ao velório foi proibida. Bolsonaro não está preso e nem condenado ainda para ir à prisão. Isso vai mudar em breve. Por isso faz sentido o que diz Marco Aurélio de Mello.
Ficar revirando essas questões parece função desnecessária e estressante, mas entendo ser importante. O grau de desinformação na praça é tão grande que até mesmo uma opinião ponderada e responsável pode ser analisada de forma distorcida e metralhada com impropérios. Em última instância, a petezada se disfarça de justiceira para defender seu bandido de estimação, invade os espaços de comentários das redes sociais e deixam lá seu rancor. É isso. Ou bem próximo disso.