Donald Trump amarelou mais uma vez em seu exercício de mediar as negociações de paz entre Putin e Zelensky. Como forma de se livrar de cobranças sobre sua incapacidade para compreender o que está acontecendo no leste europeu, o chefe da Casa Branca prefere frases insossas e evasivas: “Algo vai acontecer, mas eles ainda não estão prontos”.
O presidente dos EUA parece a raposa diante das uvas em um ramo alto. Por não alcançar o cacho, prefere dizer que elas estão verdes. Esopo tem sido a válvula de escape do homem mais poderoso do mundo, que não sabe o que fazer com o seu poder. Pune o Brasil com um tarifaço da forma mais covarde possível, mas não consegue punir o ditador russo desde que iniciou o seu governo.
Trump é daquela turma sem noção que não faz a leitura clara da realidade imposta por Putin ao invadir a Ucrânia. É vítima fácil da propaganda do Kremlin. Mas isso o torna um tanto quanto infantil, para não dizer bobo. De vez em quando, em um lapso de lucidez, diz que vai se impor caso Putin não ceda. Logo em seguida, diz que não é bem assim.
A raposa americana está com medo de quê? O que o faz ser refém de Putin? Está tudo ainda muito nebuloso. Não é possível que o Pentágono, sob sua gestão, seja tão relapso assim, a ponto de não o subsidiar com as informações corretas sobre o conflito. Parar Putin é o único caminho para interromper a guerra. Jogar essa responsabilidade para Zelensky é o mesmo que dizer que a invasão russa está correta e a Ucrânia deve ceder seu território ao inimigo.
Ninguém sabe o que a raposa foi fazer depois que se esqueceu das ‘uvas verdes' na velha fábula. Talvez ela tenha se encontrado com o carneirinho, aquele que sujou suas águas (outra metáfora invertida), lembra? Um carneirinho é fácil de abater. Para isso, não precisa ser uma raposa lá tão esperta assim. Basta apenas ser covarde, no sentido fabuloso do termo.