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Ainda sobre política, porém, fora da trama

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Penso à revelia da panaceia dos perdedores e ganhadores de ocasião

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Romuado da Cruz Filho
fev 22, 2025
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Ainda sobre política, porém, fora da trama
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O Fla-Flu em relação à denúncia da PGR contra Bolsonaro o fortalece, evidentemente, e há o risco de seu nome ficar para a história como o executor de um crime improvável. Ou até ser novamente presidente da república. E a culpa não é minha.

A depender da cor da bandeira do torcedor, os potenciais indícios de que o ex-presidente agiu objetivamente para um golpe de estado tornam-se evidentes ou esmaecem, ganham força expressiva de literatura qualificada ou coloração de folhetim de lupanário.

Penso à revelia da panaceia dos perdedores e ganhadores de ocasião, que agiram como idiotas em um processo que exigia, no mínimo, maior consciência da história e dos valores a serem preservados em uma sociedade merecedora de respeito.

No entanto, ao se pensar em crimes, a verdade ainda falta. Como as pegadas de Ivan Fiódorovich na morte do seu pai, em Irmãos Karamázov, o executor natural de um crime pode ser condenado sem a certeza de tê-lo cometido. Por outro lado, a denúncia da PGR, em casa de família, ladeia roteiro de Mário Prata.

Conciliar os fatos com os desejos das torcidas não é uma missão corriqueira e exige mais criatividade. Se a base do relatório for apenas o que disse o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, o golpe militar se daria com a cúpula do exército tomando caipirinha na praia, em pleno período de férias na caserna.

Ao ouvir tal momento da delação, Alexandre de Moraes demonstrou que o ridículo se configurava. Mas preferiu manter a pose. Quem é o Xerife aqui, Babalu? Tanto é que Paulo Gonet construiu uma trama mambembe, apenas para não ficar mal em sua função e tentar atender a uma encomenda complicada demais para a sua pena sem peso.

Se for acatada a denúncia da PGR, teremos uma novela pela frente e um processo carregado de emoções piegas. A não ser que algo de consistente do subterrâneo venha à tona. E não se trata aqui de defender ou não Bolsonaro, mas de ver o espaço aberto para o humor rasgado ao invés de um enredo ferino, coerente e robusto, que não frustre a lógica.

Neste momento, o melhor mesmo é não ter lado para não ser surpreendido pela patrulha canina. Que a qualidade literária desse roteiro já abandonou Dostoiévski na poeira, não temos dúvida. Basta saber agora qual será o padrão de qualidade do folhetim que vai a prelo.

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