Balança comercial da RMP despenca 20% em 2024
A análise é do boletim Observatório da RMP, elaborada por professores de grupos de estudos da Esalq
A balança comercial da Região Metropolitana de Piracicaba (RMP) registrou saldo positivo de aproximadamente US$ 1 bilhão em 2024. No entanto, o resultado esteve abaixo, comparado ao do ano anterior, em US$ 280 milhões, quando o superavit alcançado foi de US$ 1,37 bilhão.
Segundo o boletim Observatório da RMP – elaborado pelo grupo de estudos do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP –, o desempenho de 2024 representa uma queda de 20% em relação a 2023. As exportações cresceram 0,9% e as importações, 8,1%.
O resultado negativo se deve à diminuição das exportações de produtos de alto valor agregado, como máquinas de perfuração e terraplanagem, cujas vendas caíram 28% no período. Automóveis e geradores elétricos também tiveram quedas de 24% e 33%, respectivamente.
Piracicaba, por sua vez, registrou em 2024 déficit em sua balança comercial de US$ 32,5 milhões. Em 2023 o saldo foi positivo em US$ 582,3 milhões. Uma das explicações dos analistas do Observatório da RMP é a forte dependência do município de peças para veículos, importadas, o que pode influenciar no desempenho comercial a depender da dinâmica do setor. Um exemplo são os motores importados da Coreia do Sul para a Hyundai.
As exportações em 2024 tiveram como destinos principais os EUA (15,24%), Canadá (2,5%), Emirados Árabes (2,28%), México (2,27%,), Argentina (2,26%) e Países Baixos (2,22%). Mesmo os EUA sendo o maior comprador da região, houve uma queda no desempenho do comércio entre os dois países no período. Em 2023 os EUA foram responsáveis por 34,8% das compras de máquinas e equipamentos produzidos pela RMP.
As importações da região estavam concentradas nos seguintes países: EUA, Coreia do Sul, Cina e México. Juntos, representavam 70% das compras internacionais. O bloco perdeu a primazia em 2023, ficando com uma fatia menor do mercado, de 34,4%.
Expectativas para a exportações em 2025
Os analistas do Observatório da RMP entendem que a América Latina (AL) e os EUA - os dois principais destinos das exportações da RMP – devem crescer 2,5% e 2,3%, 1 ponto percentual abaixo da média mundial. Mesmo assim, as previsões para a América Latina foram revistas para cima, “em partes pela recuperação aguardada da Argentina, a retomada dos cortes de juros na maioria dos bancos centrais e a atenuação nos preços projetados das commodities.”
“Os riscos para a AL se concentram nas políticas comerciais que podem ser adotadas pelos EUA, especialmente contra o México - 3º país no ranking de déficits comerciais dos EUA -, intempéries climáticas extremas, uma possível consolidação fiscal e o enfraquecimento da economia chinesa - compradora das exportações da AL”, observam.
Eles que os EUA já apresentavam sinais de desaceleração da economia no final do ano passado, com desaquecimento do mercado de trabalho e arrefecimento da confiança do consumidor. “Porém, a vitória de Donald Trump pode alterar as expectativas conforme políticas econômicas, ainda não bem definidas, forem sendo adotadas.”
O boletim Observatório da RMP é assinado pelos professores Cristiane Feltre, Eliana Tadeu Terci e Carlos Eduardo de Freitas Vian.