Boletim da Esalq aborda política monetária, inflação e mercado de trabalho no Brasil, EUA e China
Análise mensal do grupo Esalq Finance é produzida por estudantes do curso de Ciências Econômicas da Esalq/USP
Política monetária, inflação, mercado de trabalho. Esses são temas abordados pelo Boletim Macroeconômico, produção mensal da Esalq Finance, sobre Mercado Financeiro, produzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
O boletim apresenta as principais perspectivas para as economias do Brasil, China e Estados Unidos em 2025. Por meio de análises detalhadas e exposição de notícias relevantes, estudantes do curso de Ciências Econômicas da Esalq oferecem um panorama claro do cenário econômico atual, contextualizando os eventos passados e projetando possíveis tendências para o futuro.
A publicação tem orientação do professor Daniel Ferreira Caixe, do departamento de Economia, Administração e Sociologia. Como destaque do mês de janeiro está a discussão sobre a fiscalização tributária do PIX, um dos grandes temas noticiados no mês, além da política econômica do governo Donald Trump e a desaceleração da economia chinesa em janeiro.
O Boletim Macroeconômico conta com a análise do desempenho dos principais mercados e um destaque do mês, podendo ser um ativo, um país ou uma atividade que influencie nas variáveis macroeconômicas.
O projeto tem caráter informativo e instrutivo, de forma a disseminar conhecimento e os principais acontecimentos na macroeconomia global. A Esalq Finance é um grupo de extensão com foco no mercado financeiro, cujo objetivo é auxiliar os membros a se aprofundarem nos estudos do mercado financeiro e se preparem para a vida profissional, além de trazer discussões benéficas à comunidade Esalqueana.
Nesta edição, escrevem: sobre o Brasil, o aluno Eduardo Fadel; sobre os EUA, Jenifer Souza, e sobre a China, Lucas Serotini. O destaque sobre o caso PIX é de Jan Marc Paes de Barros.
Acompanhe algumas análises contidas no Boletim:
Mercado de trabalho no Brasil
Com base na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) Contínua do IBGE, exposta no dia 31 de janeiro, a taxa de desemprego nacional recuou para 6,2% no trimestre de outubro a dezembro (no trimestre anterior ela foi de 6,4%), fechando a média anual do indicador de 2024 em 6,6%, taxa que se mostrou como a menor de desocupação desde o ano de 2014 (havia registrado 7%). Em termos brutos, há atualmente 6,8 milhões de cidadãos desempregados no Brasil e 103,8 milhões de ocupados; o número de trabalhadores atuando na informalidade corresponde a 40 milhões (38,6%). Outra estatística que merece relevante atenção é que a população fora da força de trabalho é de 66,2 milhões (maiores de 14 anos que não estão à procura de emprego ou disponíveis para tal) e a desalentada é de 3 milhões.
Fiscalização tributária do PIX
Destaque do mês ESALQ Finance ESALQ Finance 11 No primeiro mês de 2025, o debate público brasileiro se movimentou em torno de uma questão envolvendo a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 2.219/2024. O documento, agora revogado, tratava sobre aprimorar mecanismos de fiscalização tributária do pix, exigindo que instituições financeiras reportassem à Receita movimentações financeiras (no pix) que ultrapassassem a soma de R$5.000 para pessoas físicas e R$15.000 para pessoas jurídicas. O objetivo, segundo o Ministério da Fazenda, era combater a evasão fiscal e aumentar a transparência nas transações financeiras. A questão se tornou polêmica quando parte da população entendeu que a medida impunha um tipo de fiscalização que tinha como fim causar uma taxação no método de pagamento. Uma vez que 2024 foi um ano conturbado dentro da política nacional por causa de ações e tentativas do Governo Federal de aumentar sua arrecadação por meio de aumento de alíquotas tributárias, a população temia que agora o pix (um método de pagamento instantâneo novo, mas que já alcançou dimensões nacionais com 76,4% da população o utilizando, de acordo com o Banco Central) seria um novo “alvo” do governo nesse tópico. O ápice da questão se deu quando o Deputado Federal, Nikolas Ferreira (PL-MG), publicou um vídeo em suas redes sociais abordando o tema, atingindo um recorde de mais de 325 milhões de visualizações nas redes. Na ocasião, o congressista criticou a norma do governo, acreditando que, apesar do pix não estar sendo oficialmente taxado, a instrução tem o poder de fiscalizar sobretudo os trabalhadores informais (que, normalmente, não pagam imposto de renda), podendo gerar obrigações financeiras ao Leão no futuro. Por conta do vídeo, juntamente de um debate público intenso nas redes sociais e no cotidiano, além de questões levantadas associadas à privacidade e ao monitoramento de cidadãos, membros do Governo, do Congresso e o próprio Banco Central promoveram esclarecimentos quanto ao caso e iniciaram ações para identificar e responsabilizar autores de fake news relacionadas ao tópico e, por fim, o Ministério da Fazenda revogou a medida.
PIB - Crescimento econômico dos EUA
De acordo com o Bureau Economic Analysis, o Produto Interno Bruto americano aumentou a taxa para 2,3% anual no quarto trimestre(outubro a dezembro) de 2024, após o aceleramento de 3,1% no terceiro trimestre. Sendo as estimativas em torno de 1,7% a 3,2%. O comportamento dos consumidores contribuiu para sustentar o ritmo da atividade econômica, mesmo com os desafios macroeconômicos, sendo o consumo da família responsável por uma parcela significativa do PIB. Mesmo com essa “queda”, a economia americana passou por ruins previsões de uma recessão por causa da alta do juros do FED, com o objetivo de conter a inflação. As autoridades reforçam que o crescimento atual não é inflacionário, apesar dos desafios impostos pelas políticas fiscais, comerciais e de imigração do novo governo Trump. Alguns analistas apontam que medidas como a imposição de tarifas sobre importações, o endurecimento das políticas migratórias e os cortes de impostos podem gerar pressões inflacionárias e ampliar o déficit comercial. Além disso, incertezas sobre a regulamentação econômica levaram empresas a antecipar importações nos últimos meses de 2024, temendo impactos negativos das novas políticas. Esse aumento na entrada de produtos estrangeiros foi rapidamente absorvido pelo mercado, impulsionado pelo consumo interno.
Economia Chinesa desacelera
A atividade econômica chinesa desacelerou em janeiro, perdendo o impulso da recuperação desencadeada por estímulos e ressaltando a necessidade de novos pacotes para estimular a economia. Embora a china tenha alcançado a meta de crescimento de 5% em 2024, a segunda maior economia do mundo mostra sinais de uma possível estagnação de seu crescimento econômico. As empresas industriais relataram o terceiro ano consecutivo de queda nos lucros, uma vez que a deflação persiste.