Cadê a diplomacia da mesa de bar?
Qualquer pessoa que recordasse da diplomacia da cerveja teria tudo para supor que a conversa com Trump seria uma questão de uma ou duas garrafas entre os dois e o problema estaria resolvido
Imagem: chatgpt
O que Lula diz não se escreve. Novidade zero. Mas é interessante observar o nível de banalidade do que ele diz. Creio que, em 2022, o presidente ironizou a invasão da Ucrânia pela Rússia e soltou logo uma solução para o problema: "Essa guerra, por tudo que eu compreendo, leio e escuto, seria resolvida aqui no Brasil numa mesa tomando cerveja, se não na primeira, na segunda, se não na terceira, se não desse na terceira, ia até acabar as garrafas para um acordo de paz".
Até aí, beleza. O homem é habilidoso para criar frases de efeito. A multidão que o ouvia achou graça e seu discurso foi aplaudido. Passados dois anos, vem o tarifaço de Trump. Qualquer pessoa que recordasse da cerveja na mesa do bar teria tudo para supor que a conversa com Trump seria uma questão de uma ou duas garrafas entre os dois e o problema do tarifaço se resolveria. A vida dos empresários brasileiros, seguiria sua normalidade. Mas que nada.
Agora que Lula tinha a maior oportunidade do mundo para colocar em prática sua diplomacia de mesa de bar, a realidade mudou, como se o presidente estivesse diante de um adversário cruel e inflexível, como Putin ao invadir a Ucrânia. Mas não é isso o que está ocorrendo. No lugar da cerveja, a lábia de Lula secou e ficou amarga, porque seu verdadeiro interesse é se manter avesso à diplomacia real.
A diplomacia tropical de Lula era apenas uma forma irônica para tentar humilhar Zelensky, em defesa de Putin. Ficou vergonhoso. Agora, o apedeuta busca novamente um caminho para tentar humilhar Trump e mantê-lo na mira. Isso demonstra que sua estratégia sempre foi a do enfrentamento ideológico e da humilhação dos seus adversários, nunca da cervejinha.
Quem conhece Lula, sabe do que ele é capaz para manter sua fama de bom de bico e bom de voto. Muda de pensamento como quem muda de roupa. Muda de estratégia como quem tem o domínio absoluto da falta de memória dos seus apaniguados.
A diplomacia da cervejinha, por sua vez, que valia para Zelensky, não vale para Trump. Isso tudo, obviamente, é porque ele se sentaria de bom grado na mesa de um bar para tomar umas e outras com Putin, homem capaz de encantar um beberrão útil com facilidade; mas jamais se sentaria com um democrata, que exigisse dele mais do que boçalidades? O fato é que, com o tarifaço, os empresários não tiveram tempo nem de molhar o bico.