Cartórios apontam que Piracicaba tem média 77 órfãos por ano desde 2021
Em 2021, pandemia da COVID-19 foi responsável por 1/3 da orfandade em território piracicabano e, até este ano, pode ter deixado até 58 crianças e adolescentes sem um dos pais
Levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil de São Paulo aponta que mais de 77 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano em Piracicaba. Os dados, pela primeira vez consolidados em nível estadual, mostram ainda que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por um terço da orfandade no município, correspondendo a 26 crianças que perderam seus pais por conta da doença em um total de 78 órfãos.
O levantamento abrange o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, possibilitando averiguar com exatidão o número de órfãos no país ano a ano. Até a metade de 2019 não havia a obrigatoriedade de inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento, inviabilizando uma correlação exata entre ambos os registros, número que ficou consolidado a partir de 2021.
“Com a evolução da legislação brasileira, que estabeleceu o CPF como número identificador único e permitiu sua inclusão em diversos atos de registro, foi possível realizar um cruzamento sólido das bases de registros de óbitos e nascimentos, possibilitando chegarmos a números concretos”, explica Luís Carlos Vendramin Júnior, diretor da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) e presidente do Operador Nacional do Registro Civil (ON-RCPN), órgão responsável por desenvolver tecnologias para a implantação do registro eletrônico no país.
Segundo os dados consolidados do levantamento dos Cartórios de Registro Civil, além dos 78 órfãos contabilizados em 2021, o ano seguinte registrou 71 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou 62 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 100. “Trata-se de dados vitais para a elaboração de políticas públicas no país, inclusive para que os Governos possam se planejar para atender esta grande demanda de orfandade em nosso país”, completa Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.