Certa cautela sobre potenciais impactos marca a posição do Simespi em relação ao tarifaço de Trump
"As empresas exportadoras de aço e alumínio, no Brasil, serão as primeiras a serem impactadas pelo chamado ‘tarifaço’ decretado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump"
Fotos do André Covolam
A ordem, por enquanto, entre os empresários do setor industrial, parece ser o silêncio em suas manifestações públicas, devido à grande dúvida sobre o que de fato vai acontecer com as exportações em decorrência do tarifaço de Donald Trump.
Os principais players da economia global ainda não sentaram para as negociações e estão apostando em um processo inicial de pressão, com retaliações recíprocas às tarifas estabelecidas pelos EUA. Isso vale para a China, para a União Europeia e até para o Canadá.
O Brasil não passará incólume ao processo de reposicionamento das forças econômicas no mercado externo e será certamente afetado de alguma forma, mas o governo prefere ainda observar a agir, porque compreende que a corda não arrebentou por aqui, devido à taxa relativamente modesta que lhe foi imposta diante de países que foram mais prejudicados.
Os EUA continuam sendo o principal destino das exportações locais. Segundo o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, regional Piracicaba, dados referentes a fevereiro demonstram que os EUA consomem pouco mais de 40% da produção das empresas que estão na área de abrangência do Ciesp-Piracicaba, composta por 8 municípios da região.
Consultada sobre o momento de tensão no mundo econômico, Paulo Estevam Camargo, primeiro vice-presidente do Simespi (Sindicato Patronal das Indústrias de Piracicaba e Região) fez algumas observações cautelosas, porém, que consideram potenciais impactos.
Segundo ele, “as empresas exportadoras de aço e alumínio, no Brasil, serão as primeiras a serem impactadas pelo chamado ‘tarifaço’ decretado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A importação desses produtos foi taxada em 25% pelo governo americano, lembrando que os demais produtos brasileiros importados pelos EUA tiveram a taxa de importação estabelecida em 10%”.
Em sua opinião, “num primeiro momento, a despeito do aumento no imposto, os importadores americanos continuarão comprando aço para não parar a produção. Porém, o ajuste no preço virá e poderá causar uma queda no volume de compra e, consequentemente, o fechamento de postos de trabalho. Isso repercutirá sobre os mercados fornecedores. Posso dizer que o Brasil está numa posição relativamente confortável se comparado à China (maior produtor de aço do mundo), que foi sobretaxada em 34%, [ampliada para 104% assim que apresentou sua proposta de taxação recíproca]”.
O economista conclui, sem antecipar qualquer expectativa que demande ação imediata, que “o Simespi irá monitorar os eventuais impactos dessa medida do governo Trump sobre o setor metalmecânico e está pronto a apoiar as empresas associadas com orientação e informação qualificada para ajudar na tomada de decisões”.