Com ou sem Bolsonaro, Tarcísio existe
Então, qual é a estratégia do PT?, dizer aos quatro cantos, ou melhor, para sua base ortodoxa, que Tarcísio não existe, como quem tapa o sol com a peneira
O governo Lula sentiu o efeito Tarcísio de Freitas nas pesquisas eleitorais. Mesmo com Lula sendo conhecido por 100% dos brasileiros, segundo pesquisas recentes, ele perderia para o governador de São Paulo em um eventual segundo turno. E olha que o candidato da terceira via é ainda bem pouco conhecido pelo amplo eleitorado do país.
Levantamento Latam Pulse divulgado esta semana, aponta que apenas Tarcísio vence o petista, caso ambos estejam no segundo turno das eleições do próximo ano. No levantamento, o governador de São Paulo tem 48,4% das intenções de voto, enquanto o petista, 46,6%. Brancos, nulos e indecisos são 5%.
Então, qual é a estratégia do PT? Dizer aos quatro cantos, ou melhor, para sua base ortodoxa, que Tarcísio não existe. Como quem tapa o sol com a peneira, o governador desaparece e está tudo resolvido. Até o herói do povo brasileiro, o famigerado José Dirceu, entrou na briga e discursa alinhado com o presidente: “Ele é governador de São Paulo. O povo paulista o elegeu. Eu o respeito por isso. Mas ele não existe. Quem é o Tarcísio?”
Então, estamos combinados, só existem Lula e Bolsonaro. Inclusive, esta é a segunda tese dos petistas, de que Tarciso vai ter que fazer tudo o que Bolsonaro quiser. Mas esta tese inviabiliza a primeira, porque admitem que Tarcísio tem força com Bolsonaro. Então ele existe.
Esses petistas não se aprumam. O fato é que perceberam o potencial do governador de São Paulo e estão ensaiando discursos para sua plateia. No momento, nenhum deles colou, até porque Tarcísio é visto também como candidato da centro-direita, que está sendo chamado de terceira via, como cito acima.
Cresce exponencialmente o número de eleitores que não vão nem de Lula, nem de Bolsonaro e veem Tarcísio com uma alternativa possível. É importante observar que estamos falando de um eleitorado mais crítico e não-ideológico, que pensa em qualidade de gestão pública e não em assistencialismo ou governo autoritário.
A lusitana gira a favor de Tarcísio. Tentar descredenciá-lo no momento é o mesmo que enfiar a cabeça na terra, como um avestruz mitológico. Esta não é a prática petista, sabemos. Certamente, no escritório de maldades, eles estão idealizando coisas contra o governador de São Paulo que ainda não conseguimos imaginar. Só o tempo vai dizer. Porque eles sabem que Tarcísio existe, com ou sem Bolsonaro. O que os preocupa muito.
Zambon, observe que seu discurso é bem problemático. Quem garante que Tarcísio não será candidato sem o apoio da família Bolsonaro? Você quer dizer então que o próprio Bolsonaro concorrerá? Dilma foi protegida por Lewandowski, lembra? Lula foi descondenado pelos demais juízes da Corte. Por qual motivo Bolsonaro não poderia pedir isonomia no trato? Quando você fala em gado bolsonarista, está excluindo a existência do gado lulista? Desde quando centro-direita é sinônimo de bolsonarismo? E olha que não estou defendendo isso ou aquilo, mas apenas apontando inconsistências.
O Tarcísio sabe que, sem o aval da família Bolsonaro, e o apoio do gado bolsonarista, ele não será candidato.
Pode ser por estratégia, ou convicção mesmo (fico com a 2a opção), que ele entrou de vez na defesa da anistia absurda para golpistas, e já afirmou que o 1o ato dele, caso seja eleito presidente, será o indulto a Bolsonaro. Ou seja: ele tem total desprezo pela democracia.
Mas como ele mostra ser um gestor competente, se veste bem e sabe conjugar os verbos corretamente, encanta a tal centro-direita, em que a maioria é sim bolsonarista, mas tem vergonha de assumir.
E isso não é narrativa fabricada pelo PT; está tudo aí, às claras, como as falas do próprio Tarcísio.
Não sei se o livro de cabeceira dele é o mesmo do Bolsonaro, a biografia do Ustra (no caso do Jair, nem sai da cabeceira, já que ele afirmou que não gosta de livros pq "tem muita coisa escrita"), mas eu nunca votaria em um candidato que nao seja democrata.