Um Secretário de Ação Cultural de direita
Qual é o papel da Semac num governo conservador-liberal?
Já esclarecendo os assustados: “direita” não é sinônimo de “extrema-direita”. Como políticos, ideólogos e cientistas sociais de esquerda insistem em fazer colar.
Não cola. Um cristão conservador não é a mesma coisa que um fascista ou nazista. Os princípios são muito diferentes, o fascista/nazista detesta o cristianismo ou qualquer religião que não seja a de Culto ao Líder, e também não gosta da individualidade defendida pelo conservador. Assim como odeia a família de pai, mãe e filhos, que não seja controlada pelo Estado.
As duas principais “correntes” da direita séria, conservadores e liberais, possuem em comum não quererem intervenção do Estado em suas crenças, educação, negócios e tudo o mais. Divergem entre si, portanto, em que grau o Estado pode interferir ou não sobre o indivíduo, famílias e empreendimentos.
Conservadores tendem a querer conservar o que deu certo, ou seja, são mais cautelosos e prezam as tradições, o que inclui religiões, arte, e tudo o mais, e também certas formas de governo, e por isso, de organização do Estado. Liberais arriscam-se mais em experimentos, e hoje tendem a priorizar o mercado como cenário de interações sociais. Quanto menos interferência do Estado na sociedade uma pessoa defender, mais liberal será.
Este foi um resumo muito sucinto das muitas variações possíveis dentro da direita conservadora e liberal, mas penso ser necessário para “limpar o ambiente” e acalmar os ânimos.
Falemos da gestão pública de cultura em Piracicaba.
O prefeito eleito Helinho Zanatta (PSD) foi eleito sob uma bandeira política conservadora-liberal de direita. A ele, apresenta-se o desafio de montar um secretariado que, segundo suas declarações à imprensa (leia artigo do Viletim), deve ser técnico e não político.
Desde o primeiro secretário de Ação Cultural, em 1989, as nomeações para secretário ou secretária de Ação Cultural foram políticas, nenhum dos ocupantes da função era artista ou gestor cultural.
Se Zanatta vai conseguir escapar dos nomes que sejam “relacionados” à Cultura, como professores ou jornalistas, ou por pura pressão política, de outras profissões, como as de secretários de cultura que eram dentistas ou burocratas, ainda não sabemos.
O certo é que, se Zanatta quiser manter a promessa de indicar somente nomes técnicos para as pastas, precisará buscar entre os artistas e os produtores culturais um nome que agregue posição ideológica pessoal de direita conservadora / liberal, experiência na área cultural e disposição para prestar um serviço público repleto de desafios.
Além de dispor de um perfil de articulador, que possa manter boas conversas e tenha trânsito com as várias “classes artísticas” de Piracicaba, que não formam um grupo coeso, e apresentam interesses e objetivos muitas vezes conflitantes entre si.
Vejamos o desafio, a partir de uma perspectiva conservadora-liberal.