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α-Copaeno é um repelente potente do inseto transmissor do greening em citros

α-Copaeno é um repelente potente do inseto transmissor do greening em citros

Composto é cem vezes mais eficaz do que o β-cariofileno contra doença que impactou os laranjais da Flórida e ameaça os citricultores paulistas, maiores produtores de laranja do mundo

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jun 30, 2025
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α-Copaeno é um repelente potente do inseto transmissor do greening em citros
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O greening é a doença mais devastadora da citricultura. Em São Paulo, maior produtor mundial de laranja, 44% das laranjeiras apresentam a doença. Desde que foi encontrado no Brasil, em 2004, o greening vem sendo enfrentado com o controle do psilídeo-dos-citros, inseto vetor da doença (Diaphorina citri), focado no manejo com inseticidas, plantio de mudas livres da bactéria que a causa, a Candidatus Liberibacter asiaticus, e erradicação de árvores doentes dos pomares.

Na tentativa de manipular o comportamento do inseto, uma equipe de cientistas chegou ao α-copaeno, molécula presente em grande quantidade no óleo de copaíba. E descobriu que ele é bastante eficaz para repelir o psilídeo – na verdade, cem vezes mais potente do que a substância investigada anteriormente, o β-cariofileno.

“Não existe uma forma eficaz de matar a bactéria na planta. Se a planta for infectada, deve ser eliminada e retirada do pomar, pois torna-se uma fonte para contaminação do psilídeo transmissor. Entretanto, conseguimos identificar mais um composto repelente do inseto, além de outro que já tínhamos identificado”, esclarece o químico Rodrigo Facchini Magnani, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), um dos autores de recente trabalho sobre o tema publicado na Scientific Reports.

A laranjeira demora cerca de seis meses para demonstrar os sintomas da doença. A técnica de PCR é utilizada para detectar a bactéria na planta e confirmar o diagnóstico da doença. A maneira mais economicamente viável de saber se ela está contaminada é visual. Há vários sintomas: a folha fica com manchas amareladas (mosqueamento), o fruto deixa de ser simétrico, as sementes são abortadas e o suco produzido tem uma qualidade inferior. Ao longo dos anos, a bactéria vai se multiplicando na planta, que fica com os ramos contaminados e, ano a ano, aumenta a queda dos frutos e diminui a produtividade do pomar. A planta vai se tornando improdutiva e, pior, serve de fonte de inoculação para novas gerações de psilídeos.

Magnani conta que, em 2009, foi formada uma comissão nacional com representantes da academia, de produtores locais e da indústria para investigar a doença, que já havia chegado ao Estado de São Paulo. Essa comissão, por sua vez, estava em permanente contato com uma congênere internacional que vinha monitorando mundialmente a doença. “Em algum momento, pequenos produtores do Vietnã observaram e reportaram que, quando havia goiabeiras intercaladas com plantas de tangerina, havia população menor do inseto e menor incidência da doença nas plantas de tangerina. Isso chamou a atenção da comunidade científica, da indústria e dos produtores”, lembra o pesquisador.

A goiabeira poderia estar emitindo compostos que causam interferência na aproximação do inseto aos locais em que as plantas estavam. Após investigações, foi encontrado um composto em grande quantidade no aroma da goiabeira: o β-cariofileno. No avanço das pesquisas, concluiu-se que ele, de fato, repelia o inseto e que isso poderia ser utilizado como uma estratégia nas próprias plantas de citros, fazendo com que elas aumentassem a produção desse composto (uma vez que os citros já produzem o composto, porém em quantidades menores).

“Inicialmente, inserimos genes produtores de cariofileno em plantas de Arabidopsis, que crescem rápido. A Arabidopsis é um modelo muito utilizado em biologia molecular e engenharia genética e também produz naturalmente uma quantidade muito pequena de β-cariofileno. Após o experimento, a planta não somente superexpressou o composto, como também repeliu o inseto. Só que, quando se introduz esse gene, além de produzir maior quantidade do β-cariofileno também são incrementadas duas outras moléculas: α-copaeno e α-humuleno. Então, nos perguntamos qual seria o papel delas”, detalha Magnani.

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