Corrupção é de esquerda ou de direita?
Seja do partido que for, a corrupção é uma violação ao princípio democrático
Tratei no último artigo do tema liberdade, em um exercício para tentar entender melhor o que diferencia os pensamentos extremos, de direita ou de esquerda na política, em relação ao que se entende por democracia representativa, ao qual o conceito de liberdade individual está intimamente relacionado.
Não existe país democrático se nele não houver as garantias fundamentais para que o indivíduo livre possa ir e vir, escolher seus representantes, se candidatar e expressar suas opiniões. Seja um partido de direita ou de esquerda, violando esses princípios, violam-se o princípio democrático.
A tese se fechou no entendimento de que partidos autoritários não defendem a liberdade humana de forma absoluta, mas sim, de acordo com seus interesses políticos. Para esses grupos, a liberdade de um cubano e de um venezuelano, por exemplo, não tem o mesmo valor que a liberdade de um europeu ou um americano. Ou seja, é possível existir um governo autoritário em determinado país desde que a sociedade local não tenha força para impedi-lo. O que é um absurdo em relação ao conceito de democracia.
Quando o PT é solidário ao governo de Cuba e da Venezuela, por exemplo, estamos diante de um partido que flerta com o autoritarismo, se posicionando de forma descarada contra a civilização. Ele se torna um partido perigoso não por ser de esquerda, mas por não ser democrático. E ponto final.
Há um segundo fator que podemos considerar aqui no entendimento de partidos autoritários. É o caso daquele que não consegue ter clareza de postura quando o assunto é corrupção. Seja diante de uma rachadinha, seja um mensalão, a corrupção está sempre presente em ambientes onde a luz da transparência não se acende para escancarar os malfeitos dos políticos.
Corrupção é coisa de bandido. Nem os filhos de Bolsonaro conseguiram escapar até hoje da pecha de organizadores de esquemas de enriquecimento ilícito, nem o grupo de Lula, que liderou o maior esquema de corrupção da história do país. Para esses próceres das empreiteiras, a corrupção que redundou na condenação e prisão de Lula nunca existiu. Mas eles nunca conseguiram provar nada que os livrasse dos crimes que cometeram. Crimes comprovados em delações premiadas, envolvendo devolução volumosa de dinheiro oriundo do crime aos cofres públicos.
Lula foi, sim, descondensado pelo STF em decisões vergonhosas que hoje fazem parte de um roteiro profundamente conhecido, envolvendo grupos de interesses, o que envolve inclusive membros da suprema corte. Se houve qualquer erro de Sérgio Moro nesses processos da Lava jato, isso não apaga a corrupção conduzida por lideranças petistas.
O PT vive até hoje nesta obscuridade, com parcela expressiva da população indignada com tudo o que aconteceu nos bastidores da negociata para proteger bandidos. Novamente, estamos diante de um problema de caráter, que nada tem a ver com direita ou esquerda se o Brasil fosse um país sério, onde houvesse punição para crimes de colarinho branco. A questão, portanto, não é ser de direita ou de esquerda, mas é ser corrupto, é ser contra a liberdade, é ser de um mundo em que conceitos civilizacionais ainda são espancados por retóricos oportunistas.