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“ O Trump é genial”, disse Eduardo Bolsonaro. “O Lula é genial”, disse Lindbergh Farias. Ambos falavam sobre um mesmo assunto, que é o fato de Trump ter convidado o presidente brasileiro para uma cervejinha na próxima semana, durante ainda a 80ª Assembleia Geral da ONU, nos EUA.
Em uma matemática simples, um elogio anularia o outro e Lula se tornaria novamente um político da terra, com suas peculiaridades, como sempre foi. Mas, se considerarmos as circunstâncias, o elogio aos atores em questão pelos seus respectivos puxa-sacos exige alguma reflexão.
Lula disse que disse o que deveria dizer em seu discurso de abertura do encontro. O que ele sempre disse sobre Gaza e o povo palestino, sobre o multilateralismo, sobre intromissões dos EUA etc. Trump falou o que tem dito sobre Israel, terrorismo etc. Cada um no seu quadrado. Muito do mesmo. Mas o que marcou foi o tempo delimitado por Trump para atender Lula na semana que vem: 20 segundos. Em 39 segundos, deu um beijo, um abraço e sentiu a química do brasileiro. Em 20, vão resolver as pendências entre os dois países.
Pelo bem da verdade, é encontro de quem não pretende resolver nada. Mesmo considerando que a cronometragem não passa de uma figura de linguagem, é indício que falta paciência para ambos os lados avançarem em acordos. Por outro lado, pode ser uma porta aberta para quem esperava a oportunidade para negociar o fim do tarifaço e tomar uma cervejinha com Trump. Pode ser também que Trump peça muita coisa em troca e empaque nas micagens de sempre.
O jogo está em aberto e a cena será de quem tiver melhor desenvoltura. Lula é bom de diplomacia quando o jogo já está ganho. Mas é reativo quando o jogo depende de fato da sua capacidade de negociação com um adversário tão determinado como o presidente americano, que fala sem dizer e diz sem explicar.
A impressão que fica no ar é de que teremos memes para as redes sociais em que ambos ganharão e ambos perderão, a depender do puxa-saco que analisar as respectivas falas, como tem sido. Ou seja, Trump será um gênio para os Bolsonaristas e Lula, um gênio para os petistas. Enquanto o povo brasileiro será a lâmpada esfregada pelos oportunistas de ocasião.