Estudo com animais indica que laser ajuda a combater hipertensão desencadeada pela menopausa
Experimento conduzido na UFSCar demonstrou que a aplicação de luz de baixa intensidade apresentou efeito hipotensivo em ratas que se tornaram hipertensas por causa da redução de hormônios
Fotobiomodulação melhorou a função do endotélio, diminuiu o estresse oxidativo e elevou os níveis de óxido nítrico, gás produzido naturalmente pelo organismo que atua como vasodilatador (imagem: Gerson Rodrigues/UFSCar)
Pesquisa in vivo revelou que aplicação de laser na região abdominal é capaz de combater a hipertensão provocada pela diminuição na produção dos hormônios femininos que acontece naturalmente na menopausa. O estudo de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da FAPESP, envolveu 26 ratas com 70 dias de idade que foram divididas em três grupos: controle, ovariectomizadas (que passaram por cirurgia de retirada dos ovários) e ovariectomizadas tratadas com fotobiomodulação duas vezes por semana durante duas semanas.
Fotobiomodulação é a técnica que utiliza luz de diferentes comprimentos de onda para promover efeitos terapêuticos em células e tecidos (leia mais em: agencia.fapesp.br/55342). Os resultados da investigação foram publicados na revista Lasers in Medical Science.
A retirada dos ovários das cobaias foi uma forma de levá-las à menopausa, fase em que o sistema reprodutivo das mulheres envelhece e há uma grande diminuição da produção de hormônios – principalmente estrogênio – que têm um papel importante na proteção do sistema cardiovascular, ajudando a manter os vasos sanguíneos saudáveis e regulando a pressão arterial. Esse declínio pode desencadear o desenvolvimento de hipertensão arterial, bem como outras doenças cardiovasculares.
Os resultados mostraram que, em modelo animal, o laser vermelho, de baixa intensidade, foi capaz de reduzir a pressão arterial, melhorar a função do endotélio (a camada de células que reveste internamente os vasos sanguíneos) e diminuir o estresse oxidativo. “Pudemos notar também que a aplicação da fonte de luz levou à elevação do óxido nítrico, gás produzido naturalmente pelo organismo que tem papel crucial na regulação da pressão arterial, pois atua como vasodilatador, relaxando os vasos e facilitando o fluxo sanguíneo, além de outros efeitos benéficos ao sistema cardiovascular”, explica Gerson Rodrigues, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFSCar e coordenador do projeto.
O estudo foi baseado em uma linha de pesquisa conduzida desde 2013 no laboratório coordenado por Rodrigues, que investiga a liberação do óxido nítrico por meio da fotobiomodulação. “Em pesquisas anteriores, nossa equipe já tinha conseguido demonstrar que a aplicação aguda do laser vermelho no abdômen de ratos hipertensos foi capaz de induzir um efeito hipotensivo acompanhado da liberação do óxido nítrico”, detalha o pesquisador. “Fomos os primeiros a construir a curva energia/resposta na pressão arterial em modelo animal.”
No momento, a equipe liderada por Rodrigues está realizando um estudo clínico com mulheres na menopausa para investigar os efeitos do laser vermelho em sintomas ligados a doenças cardiovasculares em humanos. Os resultados preliminares são animadores, principalmente quanto à melhora dos sintomas, e os resultados serão publicados em breve.
“Também estamos investigando estratégias que possam potencializar os efeitos biológicos terapêuticos induzidos pelo laser vermelho, como o uso de alguns fitoterápicos e fitofármacos que têm se mostrado promissores na elevação dos efeitos induzidos pela fonte de luz”, conta Rodrigues.
O artigo Chronic treatment with photobiomodulation decreases blood pressure and improves endothelial function in ovariectomized rats pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10103-025-04404-z.
Thais Szegö | Agência FAPESP