Estudo revela tendência de queda no acesso à internet de 2023 para 2024
No período, cresceu o acesso à rede realizado exclusivamente pelo celular, em detrimento do seu uso combinado com o computador
Dados da pesquisa TIC Domicílios 2024, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br/NIC.br), analisados pela Fundação Seade, revelam que, em 2024 no Estado de São Paulo, 81% dos domicílios possuíam acesso à internet.
Em comparação a 2023, essa cobertura registrou tendência de queda nas residências das classes C e D/E2 – estratos cujo comprometimento do orçamento doméstico para custear a conexão com a rede tende a ser maior e oscilações na conectividade podem derivar de diminuições circunstanciais dos rendimentos.
No Estado de São Paulo, em 2024, 83% da população era usuária da internet, percentual similar ao verificado no Brasil. No entanto, os dados da pesquisa revelam uma oscilação decrescente em relação a 2023.
Entre 2023 e 2024, cresceu o acesso à rede realizado exclusivamente pelo celular, em detrimento do seu uso combinado com o computador, reflexo da diminuição da presença desses equipamentos nas residências.
As habilidades digitais mais citadas na pesquisa incluem o uso de ferramentas básicas, como copiar e colar (44%) e anexar documentos (43%). Além disso, 54% dos usuários afirmaram adotar medidas de segurança on-line, como o uso de senhas fortes, e 50% demonstraram preocupação com a verificação da veracidade de informações na rede.
A pesquisa destaca ainda que 59% dos usuários buscam informações sobre produtos e serviços on-line e 57% realizam transações financeiras digitais, práticas impulsionadas pela popularização de bancos digitais e ferramentas como o Pix.
Segundo o Seade, os resultados reiteram um cenário em que o acesso à internet e o desenvolvimento de habilidades digitais são influenciados pelo tipo de dispositivo utilizado, classe social e grau de instrução. “As conclusões reforçam a necessidade de políticas públicas que contribuam para o acesso equitativo às TICs e o desenvolvimento de competências digitais, essenciais para a inclusão digital”, conclui artigo publicado pela fundação.
Queda no uso de computador
Os dados da TIC Domicílios permitem identificar a presença de computadores com acesso à internet e a série analisada demonstra que esse equipamento tende a se tornar menos presente nas residências. No conjunto dos domicílios paulistas, em 2024, 36% das residências conectadas à internet possuíam também computador, sinalizando declínio de 11 p.p. em relação a 2019, início da série analisada.
Os dados do Brasil reiteram essa tendência, que pode ser influenciada por uma menor presença de computadores nos domicílios das classes C, em parte associado ao ônus financeiro representado pela necessária reposição desse equipamento, em parte à adoção de comportamentos que, eventualmente, dispensam essa forma de acesso. Essa lacuna pode estar sendo suprida, parcialmente, via acesso pelo celular combinado à conexão via Smart TVs.