Falta um passinho

Mas será que Trump está disposto de fato a abrir os olhos para a realidade?

Com certo delay, mas até Donald Trump concluiu que Vladimir Putin é louco. Logo o presidente americano vai entender a lógica da guerra no leste europeu e perceber que as agressões do ditador russo à Ucrânia se pautam por uma tese equivocada sobre território, no desrespeito profundo à vida alheia e na patologia crônica de um inimigo da liberdade.

Se Trump o chama de amigo, Putin ataca a Ucrânia para comemorar. Se o chama de louco, ataca por se sentir ofendido, abalado emocionalmente. O propósito é atacar sempre, porque seu objetivo é conquistar o território ucraniano, custe o que custar. Mesmo que o terreno se transforme em um deserto de pessoas, em uma ruína do que um dia pode ser chamado de civilização.

Putin não se importa com pessoas, especialmente se elas forem ucranianas. Homens, mulheres, crianças e idosos, não importa. Qualquer coisa com vida que resistir aos seus anseios será dizimada até a vitória final, independente de quanto tempo seja necessário para isso.

Resistir a ele é necessário. Zelensky tem feito milagre diante de um inimigo tão impiedoso e bem armado. Nada garante, no entanto, que Putin vá vencer a guerra, apesar de sua determinação genocida, mesmo com Trump não enxergando um palmo à frente do nariz e fazendo jogo duplo para fortalecê-lo.

Nem mesmo a limitação tecnológica do exército ucraniano tem sido fator de desânimo aos seus soldados. A criatividade tornou-se uma muralha contra os agressores. Agora, os principais países europeus autorizaram Zelensky a utilizar as armas que fornecem contra toda a Rússia profunda, no enfrentamento às agressões desleais desferidas diariamente pelo inimigo contra sua população civil.

A medida pode acordar o povo russo e provocar alguma reação interna com potencial para modificar a visão do Kremlin sobre a guerra. Por enquanto, o povo russo parece dormir tranquilo, enquanto a população da Ucrânia se apavora diante dos fatos.

Depois de perceber que Putin é louco, Trump poderia perceber também que o ditador russo é incontrolável em sua missão assassina e só vai entender seu limite diante de opositores bem mais fortes do que ele, bem mais armados do que ele, bem mais determinados do que ele. Determinados, obviamente, em defender a democracia, a liberdade e, consequentemente, a Ucrânia.

Falta um passinho para Trump deixar a casa de orates e pisar o solo firme da vida real, aliando-se à Europa e à Ucrânia, contra um ser doentio que precisa ser banido do cenário político, contra um ser doentio que precisa conhecer um limite para a sua desfaçatez. Esse passinho precisa ser dado rapidamente. Mas com Trump tudo é possível, inclusive errar o caminho e voltar à casa de orates.