Faltam quadros para o primeiro e segundo escalões do governo Helinho Zanatta?
Uma reflexão sobre esse assunto e algumas sugestões
A vitória de Helinho Zanatta (PSD) na última eleição municipal traz consigo uma sensação de que algo de novo pode estar acontecendo em Piracicaba. Sensação que não houve após a eleição de Luciano Almeida (PP), há quatro anos. Trata-se da composição e formação de novos quadros técnicos e políticos para a gestão pública.
Certamente, o novo prefeito deve estar garimpando no mercado os profissionais com a formação necessária para o primeiro e o segundo escalão. No entanto, ele deve estar aberto para uma realidade difícil: a indisponibilidade desse tipo de mão de obra e a necessidade de formação de novos técnicos voltados ao setor público, como se a prefeitura fosse também uma escola nesse sentido.
Barjas Negri (PSDB) teve a oportunidade de trabalhar um corpo técnico durante pelo menos 16 anos, considerando-se que ele teve também influência na gestão de Gabriel Ferrato, que era seu companheiro de partido.
Pouco afeito a grandes mudanças, durante esse período de quatro gestões, Barjas manteve praticamente a mesma equipe nas principais pastas da administração, com pequenas alterações, algumas vezes entre integrantes do próprio quadro. Tanto é que esse grupo ficou de alguma forma estigmatizado, a ponto de se tornar uma referência negativa em sua campanha eleitoral de 2024.
Luciano Almeida, por sua vez, não entusiasmou nesse aspecto pelo seu temperamento instável. Chegou a compor uma equipe nova, mas que não teve tempo de esquentar cadeira, pela sua postura irregular como líder. Acabou realizando trocas abruptas. Tanto é que dá para contar no dedo o número de secretários que conseguiu se segurar em suas respectivas pastas ao longo da atual gestão. Com isso, não dá para dizer que ele conseguiu formar um quadro de secretariado técnico como o de Barjas Negri, por exemplo.
Ou seja, pelo fato de o poder instalado no 11º andar do Centro Cívico ter ficado durante muito tempo centralizado em poucas mãos, além da gestão fragmentada de Luciano Almeida, que trocou muito integrantes da sua equipe, não se pode dizer que a cidade tenha à disposição profissionais habilitados e com experiência para postos de primeiro escalão.
Helinho Zanatta ainda não anunciou os nomes que vão compor seu governo. Mas esta visão de novo quadro técnico volta à tona. O ideal seria que ele conseguisse compor uma equipe renovada e tecnicamente capaz. A própria cidade ganharia com isso, uma vez que a alternância de poder, daqui para frente, seria menos traumática nesse sentido, pelo fato de haver na cidade um número expressivo de profissionais habilitados para assumir cargos públicos.
Zanatta, nesse sentido, está tendo a oportunidade de apresentar nomes novos e habilidosos, bem como de qualificar outros que não tenham experiência no setor. Isso se não se enrolar com os grupos de pressão e acabar anunciando integrantes que somente representem segmentos sociais, sem que tenham um mínimo de aptidão para o assunto.
Piracicaba precisa ter essa visão de formação de quadros para a gestão pública. Por mais que a cidade seja conhecida pelo seu avanço empreendedor na iniciativa privada, o setor de governo ainda exige apostas nas escolhas de nomes e empenho para a formação de novos quadros, pelo futuro da própria cidade. Se é difícil compor uma primeira equipe à altura do esperado, que ao menos se dê atenção à formação de potenciais componentes dessa equipe. Esta visão aberta tende a funcionar se houve clareza no propósito e liderança aberta para a inovação.