Guarantã comemora 35 anos de Paixão de Cristo em Piracicaba
Espetáculo foi pioneiro na captação de recursos pela Lei Rouanet no interior de São Paulo
Pelo 35º ano consecutivo, a Associação Cultural e Teatral Guarantã realiza o espetáculo Paixão de Cristo de Piracicaba, durante a Semana Santa. A peça é centrada nos últimos dias de Jesus Cristo na Terra, em uma encenação com cerca de duas horas de duração.
O espetáculo iniciou em 1990, no gramado da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP). No ano seguinte, a peça passou a ser apresentada na Rua do Porto e, desde 1992, no Engenho Central.
A boa recepção do espetáculo pelo público fez com que a peça prosseguisse e, há 35 anos vem se aprimorando e se profissionalizando de maneira contínua.
Ainda em 2004, a Paixão de Cristo de Piracicaba passou a figurar no RankBrasil, que registra recordes brasileiros nas mais diversas categorias, quando foi incluída por possuir o maior elenco de teatro a céu aberto, após a 15ª edição da montagem, registrando 1.200 pessoas, entre atores e figurantes, todos voluntários e a maioria da comunidade.
Para o presidente do Guarantã, Marcelo Torresan, o segredo da longevidade do espetáculo está na composição do elenco.
“É exatamente na participação popular que mora a força da Paixão de Cristo de Piracicaba. Temos atores profissionais, amadores e gente do povo participando, muitas vezes por tradição, mas também por amor”, afirma Torresan.
“Graças a essas pessoas que acreditam muito no que estão fazendo que o espetáculo existe e tem se perpetuado”, completa.
Torresan afirma também que os organizadores sempre tiveram a preocupação de manter o profissionalismo na encenação, o que, para ele, permitiu que o espetáculo se tornasse uma referência local e regional.
“Um espetáculo tão longevo, considerado uma das maiores montagens cênicas do país, deve ser exaltado não apenas pelo tempo de sua existência, mas pela dedicação de todo o grupo que o realiza, atraindo público para o teatro e incentivando o surgimento de novos talentos”, concluiu Torresan.
Pioneirismo no uso da Lei Rouanet
No interior de São Paulo, a Associação Cultural e Teatral Guarantã é uma das pioneiras na captação de recursos via Lei Rouanet. Desde 1997, na oitava edição da Paixão de Cristo de Piracicaba, a trupe responsável pelo espetáculo iniciou a tentativa de captação de recursos.
“A Lei Rouanet tem um papel importante no processo de crescimento e continuidade da encenação. A associação Guarantã inscreveu seu primeiro projeto para a montagem de 1997, mas não teve captação naquele ano porque, na época, as empresas ainda não tinham pleno conhecimento do mecanismo”, informou Marcelo Torresan.
Posteriormente, no ano de 2000, a Caterpillar Brasil viria a ser a primeira patrocinadora neste modelo de fomento cultural e participa até a atual edição. “No ano seguinte, o projeto foi novamente inscrito com aprovação para captação pelo Ministério da Cultura e, desde então, temos realizado a Paixão de Cristo de Piracicaba com recursos da Lei Rouanet”, comentou.
O projeto da encenação da Paixão de Cristo de Piracicaba também conta com outros mecanismos de financiamento como recursos da Prefeitura Municipal, através da Secretaria da Ação Cultural. “A Secretaria Municipal da Ação Cultural é parceira do projeto desde a primeira montagem, em 1990”, completou Marcelo.
Captação de Recursos para 2025 e geração de postos de trabalho para a 35ª edição, o Projeto Paixão de Cristo 2025 já conta com patrocínios da Caterpillar Brasil e Rede Drogal, mas a associação Guarantã continua captando recursos, com prorrogação já publicada no Diário Oficial da União. “As empresas interessadas podem nos procurar para obter mais informações sobre o projeto”, informa Heloisa Andersen, que assume a direção de produção para 2025.
A produtora ainda destaca que, na trajetória de todos esses anos, os valores aportados possibilitaram o crescimento do espetáculo, geração de postos de trabalho temporário e a profissionalização de muitos técnicos e artistas na cidade.
De acordo com o relatório de 2024 da Associação, foram contabilizados cerca de 250 profissionais envolvidos somente na produção, prestadores de serviço das mais diversas áreas.
“A montagem é uma oportunidade de trabalho para muita gente. Inclusive para profissionais que inicialmente não pensamos estar em uma produção teatral: carregadores, motorista de caminhão, segurança, engenheiro, eletricista, montador, faxineiro, costureira, serralheiro, marceneiro, cuidador de animais, sapateiro, veterinário, advogado, designer, cozinheira, tradutor em libras, tradutor em audiodescrição, entre outros. Esses são alguns exemplos, sem contar os profissionais específicos da área de artes cênicas”, concluiu Heloisa.