Helinho Zanatta: sem tempo para engatinhar
O prefeito eleito não poderá lamentar o passado e deve seguir à risca o slogan de sua campanha
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) revisada e o Orçamento ajustado, com previsão de R$ 3,3 bilhões em receita para 2025, fica faltando apenas a aprovação de Lei Orçamentária Anual (LOA) na bagagem do novo governo, o que deve acontecer na primeira semana de dezembro. Isso significa que estão definidas as diretrizes que vão nortear as ações do prefeito de Piracicaba, Helinho Zanatta, no seu primeiro ano de gestão. Boa viagem!
É assim que funciona. Quem define o primeiro ano do governo seguinte é o governo anterior. Quando há troca de comando, fica sempre aquele sentimento de que um ano será amarrado pela política definida pelo gestor que sai. Isso não impede que possa haver por parte do que assume algum tipo de remanejamento financeiro, com aprovação dos vereadores, a busca de novos recursos estaduais e federais, enfim. Mas é fato que, o novo governo, em sua inteireza, com autonomia nas decisões dos projetos a serem priorizados, só mesmo a partir do segundo ano de mandato.
O caminho para fazer a diferença, logo na partida, está na eficiência da aplicação dos recursos, o que está relacionado à rapidez e qualidade dos serviços oferecidos à população. Bem como nas intervenções corajosas onde estão os problemas mais agudos, como no setor de abastecimento de água e saneamento básico, saúde, coleta de lixo, enfim. Alcançar esse nível de eficiência requer a escolha de profissionais técnicos qualificados para compor a equipe de secretariado e uma base aliada robusta no Legislativo.
E o que significa compor um governo com pessoal qualificado? Significa tem à mão secretários e assessores que entendam do funcionamento da máquina administrativa e saibam como movimentar sua engrenagem. A burocracia tem o poder de corroer as melhores intenções. O tempo devora as almas despreparadas. Mas não adianta temer diante do inevitável e nem lamentar. É preciso saber oxigenar esse mecanismo devorador de boas intenções, com clareza e sabedoria. O Brasil não é para amadores, como dizia Tom Jobim.
A população não tolera aquele governante que faz uma campanha prometendo mundos e fundos e depois que assume fica lamentando que as coisas não acontecem por causa do governo anterior. Um pouco foi assim que agiu Luciano Almeida. Em primeiro lugar, o prefeito eleito precisa saber o que está ou não acontecendo na cidade e o porquê. Inclusive, há todo um processo de transição para ajuda-lo, fase em que todas as informações técnicas e gargalos da atual gestão são passadas ao sucessor.
Uma das críticas que se faz ao governo Luciano Almeida diz respeito à sua dificuldade para dinamizar a gestão, para fazer as coisas acontecerem. Ele demorou muito para avançar, o que soou falta de preparo ou preciosismo, característico de principiantes inseguros. Pode não ter sido nada disso, mas é fato que seus projetos saíram do papel muito tarde. Já o governo que entra precisa nascer andando. Não vai ter tempo para engatinhar.
Em síntese, Helinho Zanatta fez uma campanha propositiva e focou no futuro, sem lamentar o passado. Seu propósito é “desenrolar”. Nessa palavra está subentendido o conhecimento necessário para não se perder no percurso e maturidade de gestão suficiente para escapar das pegadas e das armadilhas viciosas que acabam enredando a maioria dos gestores, sem amplitude de visão. Vamos torcer pelo melhor. Desenrola!