Lula e a garrafa
Somente uma lamentação diante do batalhão que vê o presidente como um gênio
Há no mercado uma leitura fervorosa favorável ao presidente Lula. Alguns chegam a chamá-lo de gênio da política por conseguir reverter seu potencial eleitoral, que estava às minguas, e se apresenta agora com um pouco mais de força, em projeção ascendente, digamos assim.
Já fui mais radical a ponto de estabelecer conflitos ríspidos com esse pelotão. Mas hoje evito me elevar para além da crítica objetiva. E olha que estou deixando de lado lembrar de uma palavra mágica chamada corrupção, à qual o PT sempre teve uma relação incontroversa, até mesmo como um talismã para o seu sucesso.
Aproveitando a onda favorável, a luta do presidente Lula para se fortalecer até 2026 me parece evidente e ele faz exatamente aquilo que sabe fazer, que é criar benefícios como isca ao seu potencial eleitorado.
Para a população de baixa renda, o Portal da Transparência traz esses auxílios logo de cara: Auxílio Reconstrução, Auxílio Brasil, Auxílio Emergencial, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Garantia-Safra e Seguro-Defeso (ou Pescador Artesanal). Mas é pouco para a conquista de mais um mandato.
Sem dúvida, a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil é um troféu que Lula vai vender como se fosse a libertação da classe média, composta por um eleitorado híbrido, mais crítico ao assistencialismo governamental, mas um eleitorado do qual ele pretende contar nesse momento, especialmente com o voto. Evidente, o marketing oficial vai omitir que algum outro setor da sociedade vai pagar o custo para cobrir a arrecadação. É a lógica petista.
Lula tem buscado ainda outras medidas, todas com o mesmo fundamento. Ele quer até dar ônibus grátis a todos. Vai prometer. Já conseguiu ampliar o valor para aquisição de casa própria, atendendo este mesmo público: a classe média. Ele é obstinado.
Em síntese, estamos diante de um governo que não está preocupado com a independência e a saúde financeira da população, mas sim, com a manutenção de Lula no poder, apenas criando falsas perspectivas de futuro e de vida.
A isso que se chama de gênio no Brasil. O detalhe central é que ele almeja se fortalecer sempre tendo como base ampliar a arrecadação de impostos, independentemente de onde venha o dinheiro, sobretaxando o setor produtivo e, assim, prejudicando a própria econômica.
Lembre-se de que a metade da economia brasileira está na informalidade, fugindo do governo e se beneficiando dele ao mesmo tempo, em um jogo de esperteza que não se sustenta no longo prazo.
Ou seja. Falta a visão humana de que uma das funções do governo federal é proporcionar ao indivíduo condições para que ele se torne independente, construa sua própria riqueza no mercado e seja senhor do seu próprio nariz, de forma íntegra e idônea. A assistência social deve existir sempre, mas não da forma como ela está funcionando hoje, evidente.
Mas depender do governo é a regra do PT e para isso basta votar em Lula. Não se constrói uma nação forte com um povo submisso desse jeito, porque o potencial humano para se desenvolver fica corrompido. Não é fácil demonstrar que essa chavinha: a dependência do governo, precisa ser virada para que o país saia da letargia e se desenvolva, com o potencial de cada indivíduo, e não se escravizando.
No entanto, a mentalidade escrava predomina junto ao que se convencionou chamar de formadores de opinião, que estão na imprensa, sindicatos, universidade e em uma infinidade de entidades sociais subsidiadas pelo governo.
Estamos acompanhando agora uma leva de sindicatos que estabeleceram relação complicada com o poder federal, nos deixando com muita dúvida sobre a idoneidade dessa vinculação, especialmente via INSS. Basta citarmos a questão dos aposentados, que estão sendo enganados com descontos em folha de pagamento por contratos forjados à revelia desses que já contribuíram muito com o país, e sem beneficiá-los, pelo contrário.
Mas, como prometi no começo, não vou continuar vinculando Lula à corrupção, nem mesmo seu irmão mais velho, o velho Chico, para não chatear aquele batalhão que vê no presidente um gênio. Eu vejo outra coisa, vejo apenas a garrafa, apesar desta ser uma metáfora tão velha como o PT.