Monumento à italianidade será inaugurado em Piracicaba no dia 3 de outubro
A obra do artista plástico Palmiro Romani será instalada às 17h30, no Parque da Rua do Porto
Assim como a construção da sede da Società Italiana di Mutuo Soccorso, no início do século passado, foi um marco para a história dos italianos em Piracicaba, o Monumento à Italianidade, que será inaugurado no dia 3 de outubro próximo, às 17h30, no Parque da Rua do Porto, marca, além do reconhecimento dessa longa e bela história dos imigrantes, a renovação de valores ítalo-brasileiros preservados pelos seus descendentes.
Investir no sentimento de italianidade, instigando o renascer de um movimento cultural em Piracicaba, demonstrou-se uma iniciativa acertada da nova diretoria da Società. “Foi como se tivéssemos aberto as portas e janelas para que as emoções a respeito dos antepassados viessem à tona com toda força, como se elas estivessem ali, guardadas no coração das famílias, esperando apenas uma oportunidade para se despertar”, observa Juliano Meneghel Dorizotto, presidente da Società.
Ele conta que a adesão das famílias italianas ao projeto do monumento foi intensa e imediata, “a ponto de nos surpreender positivamente.” Tanto é que a obra de arte recebeu o apoio necessário para sair do papel do dia para noite. “Ao saberem das nossas intenções, as pessoas começaram a nos ligar. Elas queriam entender melhor como poderiam participar. Tínhamos que conseguir pelo menos 120 assinaturas, com apoio financeiro, para a produção da obra em bronze. Tivemos 125 assinaturas e mais uma centena que aguarda na fila”.
O artista plástico Palmiro Romani, diretor cultural da Società, concebeu a obra e tem várias histórias de pessoas que o procuraram “com lágrimas nos olhos” para justificar a importância do nome da família na placa do monumento comemorativo. “Quando eu vi sua obra, aquela figura sem rosto, era como se o meu bisavô estivesse ali, em carne e osso. Aquilo me comoveu profundamente e comecei a chorar”, disse uma senhora toda emocionada.
“Quando pensei a obra, eu tinha a intenção de ser minimalista, porque a maioria dos italianos que vieram para o Brasil aportou apenas com uma mala na mão. Era naquela mala que estava toda a sua riqueza. Se o pai morreu na viagem, era a mãe que a carregava. Se a mãe e o pai morreram na viagem, era o filho que a carregava. Por isso eu achava impossível sintetizar a imagem em apenas uma pessoa definida”, conta Romani.
“O cajado era o elemento com maior força expressiva, porque ele se fixava na terra, na agricultura, em território brasileiro, ao mesmo tempo em que apontava para o céu, mirando a providência divina. Pensei também em Moisés, aquele que fez o mar se abrir com a força do seu cajado. E o Oceano Atlântico se abriu para os italianos desesperados, que sonhavam com uma nova chance de vida na América”, detalha o artista.
Romani não imaginava que o fato de não ter definido a fisionomia do italiano em sua obra teria a força que acabou tendo. “Pensei apenas como uma síntese. Mas ela acabou sendo um espaço para fortes lembranças. Eu sempre observo que o movimento pela preservação da italianidade em Piracicaba tem três pontos de apoio fundamentais: a nova diretoria da società, que assumiu para fazer a diferença, com apoio inclusive de ex-diretores e ex-presidentes; o monumento em si, que alcançou sua função simbólica, e a força propriamente dita da italianidade local, que é muito maior do que supúnhamos.”
Dorizotto entende que a o sucesso do monumento e a adesão maciça das famílias italianas proporcionam novas perspectivas para a italianidade em Piracicaba. “Trata-se de um movimento cultural que precisa de cuidados especiais, para que ele contribua para o restauro da sede e assim possamos ter de volta um espaço espetacular como ponto para o reencontro permanente das famílias italianas, a preservação da memória dos seus antepassados e para que as próximas gerações não percam suas referências e origem”, conclui.
Segue a lista de famílias que assinam o Monumento pela Italianidade em Piracicaba: