Não há desculpas para a obviedade
Problemas se acumulam e a prefeitura precisa agir com rapidez para evitar lamentações improducentes
Helinho Zanatta (PSD) não tem tempo para aprender, inclusive porque é um gestor experiente. Exatamente por isso não vai ser poupado em caso da necessidade de críticas à sua gestão.
Desde o início da corrida eleitoral de 2024, esta era uma questão natural: Piracicaba exige um gestor com a dimensão da complexidade do município. Mas nem tudo é tão complexo assim.
Há muito de intuitivo e óbvio no enfrentamento dos problemas sociais. Mato alto é mais comum no verão, devido à chuva. Dengue se prolifera em maior velocidade no verão, devido à chuva e ao calor. Problemas de buracos no asfalto e nas vias vicinais ampliam no verão, devido à chuva.
Somadas às questões de defesa civil, como rio transbordando, alagamentos em pontos críticos da cidade, quando acontecem, o verão traz consigo a necessidade de uma estratégia gigante apropriada para tentar manter a cidade sob um mínimo de controle. São serviços básicos, mas que tomam tempo e exigem agilidade.
A função de um governo é, no mínimo, fazer a sua parte bem-feita. Luciano Almeida (PSD) não fez. Deixou para trás vários abacaxis que podem comprometer em muito o início da gestão de Helinho Zanatta.
A questão do lodo da ETA Luiz de Queiroz, fartamente tratada por este site, é uma irresponsabilidade do ex. Os ecopontos entupidos de lixo é uma irresponsabilidade do ex. São duas coisas ambientalmente incorretas e parecem insignificantes para um governo que se dizia de vanguarda. Mas o desprezo ao meio ambiente é de um atraso monumental do ex.
Há outras coisas quase que imperceptíveis na gestão pública, deixada de herança a HZ, que até nos fazem rir. A prefeitura sem papel mesmo. Não basta ser um a boa iniciativa. Precisaria funcionar.
Vá ao Centro Cívico e protocole um documento na Secretaria de Saúde, por exemplo. Você não terá na hora um número de protocolo. Por quê? Devido à tal prefeitura sem papel.
A atendente vai dizer que não tem como gerar o protocolo e a única forma de você sair de lá com a garantia de que protocolou o documento é com um papel assinado por ela em que afirma ter dado entrada no pedido. Sem papel, mas com papel, entende?
Ou seja, há muito nó interno na prefeitura de ordem tecnológica para ser resolvido. A atendente vai dizer que alguém ligará no seu celular para passar o número do protocolo e nunca mais alguém da prefeitura vai ligar para você. Exceto se você tiver muita sorte.
Por essa engenharia, dá para entender a lógica em funcionamento. É preciso de várias pessoas para resolver um problema que um simples sistema resolveria, mas como não há o sistema instalado, a prefeitura sem papel não funciona. Ou melhor, funciona "malemá", para ser bem generoso.
O atual prefeito vai ter que trabalhar com tudo isso e dar conta da situação mesmo assim. Por isso, o Viletim tem falado que o momento é de gestão arroz com feijão, para que as coisas funcionem, ao menos.