Não há dinamite que exploda meu pessimismo
Na política, estou pior que o Recife e o Fortaleza, sem força para sair do Z4
Imagem: ChatGPT
Para analisar a política brasileira, é preciso ter muito senso de ridículo. Mesmo que o aventureiro atrevido seja um sapão, daqueles de brejo, o tema o deixará atolado no barro, sem movimento, quando alguém lhe perguntar se ele não está condicionado por ideias idiotas.
Porque a política no Brasil não é movida por mudanças, mas pela imobilidade. Ou melhor, todas as mudanças acabam sendo cercadas e enquadradas para permanecer como outrora. É uma sina. Talvez não seja um caso apenas nacional. Basta lembrarmos da unificação italiana e da obra Giuseppe Tomasi di Lampedusa, O Leopardo.
Nem mesmo as ações agressivas de Giuseppe Garibaldi abalavam as famílias conservadoras da Sicília, como a do príncipe Tancredi Falconeri, que analisavam o que estava acontecendo sem medo, pois eles também clamavam por mudanças, mas para que tudo continuasse do mesmo jeito. É assim no Brasil.
Desde a redemocratização, os governos que se sucederam redundaram em um movimento paradista, em uma greve intelectual absurda, em um país sem perspectiva. Dois pontos nessa longa história me chamam a atenção: a Constituição de 1988, que dá todos os direitos possíveis aos brasileiros sem explicar quem vai pagar a conta, o que não tem como dar certo. Emperra tudo.
O segundo é a eleição e HFC, que fez sim coisas muito importantes, chamada de Plano Real. Implantou a Responsabilidade Fiscal, entre outros dispositivos. Até que se meteu com a galera do centrão e revelou interesses pessoais promíscuos, antes de se ver atolado na imobilidade e desaparecer.
Mas isso tudo precisou somente de um pouco mais de tempo para ir a pique. Lula é um exemplo de presidente que faz de tudo para deixar a Responsabilidade Fiscal na saudade e muito já conseguido nesse sentido. Ele quer fazer as delinquências que sempre quis fazer, movidas a assistencialismo. O assistencialismo, sim, é a nossa marca maior desde o Império e não a mudança.
De vez em quando, venho aqui tentar mover uma rocha que está no meio do meu caminho. Até acompanho as análises de especialistas. Eles dizem coisas bacanas, mas sempre sobre o que vai ocorrer e que não muda nada. Para tentar sair do marasmo, até li sobre o criador do Prêmio Nobel, mas não há dinamite de Alfred que imploda essa pedreira.
Minha mente, pelo bem da verdade, está atolada no barro como o Brasil e durmo ao lado de um imenso rochedo que me parece intransponível e atravanca a minha disposição para acreditar em mudanças