No país da Janja
Meu senso de humor precisa se desenvolver muito para compreender essa pessoa excepcional
A Janja sabe, a Janja diz, que o TikTok potencializa o avanço da extrema-direita. Com isso, quem avança no TikTok é o sábio comentário da Janja. Porque ela falou sobre o assunto na China, onde não há extrema-direita. Há apenas o governo e suas regras para todos, com TikTok controlado para nada avançar, além do governo e da economia, que fortalece o governo, porque é controlada pelo governo. Lá só há um líder, ao qual todos se submetem, porque não há alternativa. Só há governo. Como a Janja gostaria que fosse no Brasil, seguindo sua sabedoria invejável sobre os extremos. Janja sabe, Janja diz. Foi só ficar uma semana com Dilma que aprendeu muito. Logo-logo ela vai nos ensinar a ensacar vento.
Imagine todos nós nos submetendo ao Lula, sob a lógica de Janja, mas com a sabedoria do ex-sindicalista. Para as relações internacionais, seria criado o Ministério das Relações Internacionais, evidentemente, cuja principal função seria produzir cerveja. O Ministério de Políticas Internas, para apaziguar os conflitos com os dissidentes, também produziria cerveja. Isso mesmo. Se a gente, a sociedade, fizesse uma guerra contra o governo, tudo se resolveria com uma cervejinha. Se fizéssemos greve, tudo se resolveria com uma cervejinha. Se fizéssemos críticas ao governo, tudo se resolveria com uma cervejinha. Seria um país patrocinado pelas empresas de cervejas, todas elas estatais. Este seria o melhor mercado de consumo do país e todas as empresas estariam nas mãos do governo. Este país seria uma festa.
O bom da conversa é que todos os petistas teriam um bom emprego em uma estatal cervejeira, com cerveja garantida. Desconheço petista que não goste de cerveja. Tentaríamos vender o produto ao mundo inteiro como sendo o ingrediente infalível contra qualquer crise, seja da Ucrânia, seja de Israel, seja da Índia. A própria Janja poderia vender a cerveja estatal no TikTok com um argumento sábio, que só ela é capaz de produzir, estilo: o não consumo de cerveja nacional significa o avanço da extrema-direita.
No congresso nacional, em cada votação do governo, a propina e as emendas seriam em barris de chope. Todos sairiam ganhando. Os principais ministérios seriam aqueles melhor irrigados com o dinheiro faturado com a venda de cerveja oficial. Seríamos um país autêntico, bêbado e feliz. Teríamos até paciência de ouvir a Janja falando sobre o TikTok na China, porque não entenderíamos nada. E a extrema-direita avançaria soberana sobre os barris de chope, até que uma nova rodada de negociação com Lula acontecesse e tudo voltaria ao normal.
E quem quisesse uma cachacinha para abrir o apetite? Bem, aí seria transgressão pura, mas a solução seria entrar nos esquemas de Lula, porque haveria o Ministério da Corrupção oficializada, evidentemente. Mas podem ficar tranquilos que o STF também estaria no esquema, sob a alegação de que controla o avanço da extrema-direita com a Janja. Se alguém me dissesse, pare, pelo amor de Deus, suas ideias são irritantes. Eu diria simplesmente que estava enfeitiçado pelos produtos nacionais, deste país comandado por sábios que resolvem até física quântica com uma cervejinha. Tá bom, eu paro. Vou tomar apenas a saideira no país da Janja.