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O humor quando perde a raiz

O humor quando perde a raiz

A festa gráfica tornou-se mais um espaço sem energia para movimentar o senso crítico da modernidade

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Romualdo da Cruz Filho
mai 10, 2025
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O humor quando perde a raiz
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A tematização do Salão Internacional de Humor parece uma tendência, mas vem para empobrecer o evento, que há tempo caminha para o cadafalso da mediocridade. O tema deste ano é Justiça Climática.

Se o artista é de um país em guerra, terá que deixar de lado o que lhe parece essencial para meter a motosserra do cartaz deste ano (leia aqui) no pescoço de Putin.

Se o artista é de um país em que se rouba dinheiro da aposentadoria de velhinhos à luz do dia, o artista terá que desenhar Carlos Lupi jogando uma partida de dama com Lula em uma praça sem árvores para ver quem rouba mais peça.

Se o artista é de um país em miséria, terá que desenhar a população em fila indiana, esfomeada, clamando por uma muda de jacarandá.

Vai ser uma beleza, inclusive pelo fato de tratarmos de um salão internacional, com países vivendo realidades distintas. No ano passado, já assustou o júri ser formado exclusivamente por mulheres. É o olhar politicamente correto em ação. Ele é demolidor, inimigo do senso crítico e sem sal nem açúcar no quesito humor.

A ideia que está por trás é ter um evento mais pedagógico. Xi, o Salão de Humor virou escola. Estão querendo ensinar você, meu caro humorista, a se comportar, senão a professora vai acusá-lo de bullying. Brinca não, que vão te humilhar no Insta.

O movimento Tilápia, natural em qualquer lagoa de água parada, fica ávido para avançar contra a vítima mais fácil quando ela demonstra qualquer sinal de fraqueza em uma travessia de metáforas viciadas. “Não seriam piranhas, para dar força à metáfora?” Mas elas são tão serviçais.

Iisso não quer dizer que o cartaz do evento deste ano ficou ruim. Plasticamente, é sensacional. A italiana Marilena Nardi está de parabéns. Se eu tivesse sua habilidade gráfica, eu só não esqueceria de colocar o carrão do palhaço quando ele chegou ao trabalho para denunciar a sordidez humana com sua motosserra descalibrada para a realidade do mundo.

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Romualdo da Cruz Filho
Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel
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