Parece cena de outro mundo, mas não é
Lula, Bolsonaro e Trump, tudo junto e misturado, em um ambiente que reproduz o pior da vida pública
Lula, Bolsonaro e Trump encabeçam três linhas distintas de pensamento, que disputam a predominância no mercado de ideias políticas no momento. ‘Ideias’ é forma de dizer, porque os três se fundamentam em princípios fragmentados e sem perspectivas de amadurecimento. Um depende do auxílio do outro para sobreviver e nenhum tem vida intelectual própria, por falta de uma linha teórica aplicável à realidade em que vicejam.
Incluí o Trump nesse nó porque de fato ele acabou fazendo parte da nossa realidade ao se deixar levar por iniciativas estranhas, de polarização com o Brasil, por causa de influências obtusas de Eduardo Bolsonaro nos EUA, um ser menor e sinistro, a ponto de gerar o tal tarifaço contra a economia brasileira. Só mesmo uma visão mesquinha da política americana e brasileira poderia gerar esse cenário em que seres ignóbeis dão as cartas. Assim, Trump se iguala aos produtos nacionais. Fala-se em nova direita, mas eles representam uma nova delinquência, apenas.
Pois se fosse para punir o Brasil pelas ações esquerdopatas de Lula, que isso ficasse claro. Seja nas relações internacionais, seja na movimentação dos Brics, há motivos de sobra para chamar o presidente do Brasil à responsabilidade. O que não faz sentido é misturar Bolsonaro e sua sentença com os Brics, e a relação e Lula com os governos terroristas do planeta, a um tarifaço para os brasileiros pagarem. Mas vamos lá.
Lula, Bolsonaro e Trump são três modus operandi autoritários, de personificação do sistema em torno de um líder que conquista o poder ludibriando o eleitor com ideias mágicas e aplicáveis apenas em ambientes artificiais, que ignoram as regras de uma democracia minimamente organizada. Os três se encontram na ignorância ou no deslize do eleitorado devoto e com votos suficientes para respaldar as retóricas estapafúrdias que os motivam. Apesar de tudo, o Brasil tem resistido a esses projetos de controle da liberdade.
O socialismo sem dedo de Lula (entenda, PT) já deu no que deu (nem se fale da Lava Jato) e redundou em um assistencialismo viciado e estressante, que em nada contribui para o desenvolvimento social e financeiro do país. A história recente confirma isso e, neste momento, Lula só recobra um pouco de sua força porque suas ideias são mais conhecidas do que as dos seus concorrentes. É melhor ficar com uma ideia besta, porém familiar, do que com uma ideia cuja aplicação não se sabe no que vai dar.
O processo contra Bolsonaro é uma demonstração da bagunça que sua forma de pensar trouxe à sociedade. Obtusidade que confunde os interlocutores em uma ordem estruturada, o que eleva o grau de incerteza sobre as regras do jogo. Difícil para explicar, até mesmo para extirpá-lo requer ferramentas novas, como temos visto.
O bolsonarismo sinaliza também uma espécie de regime autocrático, coisa que Lula não conseguiu impor por falta de diálogo com os militares e insubserviência do congresso aos seus planos. Seu exército seria o próprio povo, que não se deixou levar pelas suas aleivosias. Não se sabe se Bolsonaro conseguiria chegar a esse estágio de comando, tendo o exército ao seu lado. No entanto, independente do sucesso de sua empreitada, esta parecia ser a tendência, que se tenta ceifar em tempo.
Trump está fazendo a América se apequenar. É um desvairado, que olha a realidade social e econômica do seu país pelo retrovisor. Antes de tudo, é homem sem livros, como os outros dois, que se vê como um grande líder, sem sê-lo. É fato, porém, que teve força e versatilidade para arrastar um eleitorado descontente com a realidade e se impor. Agora, se paga caro pela sua reeleição.
A sociedade, seja ela americana ou brasileira, cada qual em sua dimensão, se encontra sem perspectiva de novas lideranças políticas, ajuizadas e capazes de propor um pacto pelo amanhã. Ou, pelo menos, essas potenciais lideranças ainda estão entrevadas pelos seus caciques e não se despontam com a clareza necessária no horizonte para indicar mudança de percurso.
Por falta de referências, esses seres estranhos (Lula, Bolsonaro e Trump) predominam e ampliam o descontentamento geral, intoxicam o ambiente, uma vez que dividem a sociedade e confundem a todos, gerando mais e mais conflitos. Obscurecem assim as perspectivas de um futuro menos sombrio para todos. É preciso colocar um basta nisso!