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Projeto Arte no Papel restaura obras comprometidas da Pinacoteca Miguel Dutra

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Ação coordenada pela conservadora-restauradora Flávia Santos realiza salvaguarda de obras em papel e atividades de formação com foco em preservação cultural

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jul 16, 2025
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Projeto Arte no Papel restaura obras comprometidas da Pinacoteca Miguel Dutra
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Restauradora Flávia Santos - Crédito: Fotógrafa Claudia Melo

A Pinacoteca Municipal Miguel Dutra abriga cerca de mil obras de arte e teve parte do seu acervo comprometida após transferência para o Engenho Cultural, em 2022. Como resposta à necessidade de conservação e em celebração ao patrimônio histórico abrigado, foi criado o projeto “Arte no Papel: processo de salvaguarda de obras de arte em papel do acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra de Piracicaba – São Paulo”, que teve início em fevereiro de 2025 com fomento do PROAC. A iniciativa contempla a restauração de 15 obras em suporte de papel e promove atividades formativas dedicadas à preservação do patrimônio cultural.

Idealizado em 2024 pela conservadora-restauradora Flávia Santos, proprietária do atelier Flávia Santos Restauro e com passagem pela Pinacoteca de São Paulo, o projeto ganhou forma com a colaboração da produtora cultural Barbara Ivo e da empresa Gala Art Installation. A iniciativa se concentra no restauro de obras em papel, que representam cerca de 35% do acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, e demandam atenção especial devido à sua alta vulnerabilidade a variações climáticas, umidade e ação de fungos e insetos. Todo esse processo será documentado em um catálogo previsto para o fim do ano.

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Restauro das obras na Pinacoteca de Piracicaba - Crédito: Fotógrafa Claudia Melo

Além de Flávia Santos, liderando os procedimentos técnicos, o projeto conta com a atuação das conservadoras-restauradoras Priscila Alegre e Margot Crescenti, somando expertises para garantir a integridade e permanência dessas obras. “O restauro de uma obra de arte se faz necessário quando há riscos iminentes à conservação prolongada de sua existência. No caso do papel, qualquer intervenção precisa ser extremamente estudada e planejada antes de aplicada, já que os pigmentos se aderem diretamente à celulose e não podem ser separados em camadas distintas, como ocorre em uma pintura de cavalete”, explica Flávia Santos, que lidera o projeto.

Além da restauração de 15 obras em papel de artistas reconhecidos nacional e internacionalmente, o projeto também propõe refletir sobre as estruturas que sustentam a preservação do patrimônio no país. Entre as obras da Pinacoteca de Piracicaba que passam por processo restaurativo estão: “Estúdio de cores” (1975) e “Ritual” (1999), de Maria Bonomi; “Virgem de Nápoles” (1967), de Geraldo Nogueira Porto Filho; “Sem título” (1974), de Fayga Ostrower; “Agreste”, de Renina Katz; gravura de Marcelo Grasmann; “Macunaíma e a velha Ceiuci” (1980), de José Carlos Martins; “88” (1984), de Alex Cerveny; “Sem Título I” (1987), de Hélio Ademir de Siqueira; “Sem título”, de Mira Schendell; e Marinha (1905), de Benedito Calixto.

Quatro obras de Alex Flemming integram as ações formativas do projeto: entre os dias 5 e 8 de agosto, “A mulher de Goiás” (1979), “Os bebedores de Coca-Cola” (1979) e “Sem título” (1979) serão restauradas em atividade voltada a convidados e equipe interna. No dia 9, a obra “Natureza Morta” (1978) passa por restauro ao vivo durante a “Vivência de Restauro Arte no Papel”, aberta ao público, das 14h às 16 horas, com transmissão pelo Instagram e entrada livre, sujeita à lotação.

Sobre a degradação das obras em papel

Segundo a tese das proponentes do projeto de restauro, em 2022, a Pinacoteca Municipal Miguel Dutra de Piracicaba deixou seu prédio original e passou a integrar o complexo do Engenho Cultural de Piracicaba, que abriga outros equipamentos culturais da cidade. “Todavia, o acervo ficou abrigado provisoriamente num local inadequado para guarda, acelerando o processo de degradação das obras de arte. Em termos de conservação, as obras em suporte de papel estão, de maneira generalizada, mais suscetíveis às variações de temperatura, umidade relativa do ar e exposição à luz, além de serem compostas por celulose, alimento base de fungos e insetos xilófagos”, explicam.

Sobre as obras a serem restauradas

“De acordo com a verba viável do PROAC 2024 e da intensidade de degradação em papel ser maior que outros suporte, como pintura sobre tela ou esculturas, foi mais sensato voltar atenção na salvaguarda do maior número de obras que estavam mais suscetíveis à ação do tempo do que abraçar outros tipos de suportes e realizar um serviço especializado num menor número de obras”, explicam as proponentes.

“É importante ressaltar que os materiais, e consequentemente os custos, para restauro de suportes diferentes, são distintos, sendo, no caso do papel, um custo bruto menor do que em telas ou esculturas. Portanto, ao definir as limitações do projeto, foi escolhido selecionar 15 obras de arte em suporte de papel, sendo esse um número máximo viável para que a verba do PROAC 2024 fosse aplicada de forma profissional e apropriada”, detalham.

Portanto, garantem, “a seleção das obras se deu de acordo com o estado de conservação das obras, sobretudo de artistas com importância nacional e internacional, presentes em diversas instituições museológicas de peso. Além disso, foi selecionado duas obras que estavam em estado avançado de degradação de dois artistas que, atualmente, são mais consagrados no circuito fora das grandes urbes brasileiras. Lidando com uma instituição do interior de São Paulo, é importante que se dê também visibilidade a outros artistas que estão atuando há mais de 40 anos no mercado das artes visuais, além do rico acervo da instituição já abrigava. De forma geral, a escolha das obras foi minuciosa no sentido do estado de conservação de cada uma delas, no maior número possível para tratamento de obras do acervo, na curadoria dentro da importância na História da Arte e dentro da especialidade da Flavia Santos, que lidera o projeto Arte no Papel, não tendo que manejar verbas distintas no pagamento de outros profissionais especializados”.

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