Projeto da EM Ida Francez Lombardi transforma terra em tinta e garante prêmio nacional
Projeto Cores da Nossa Terra uniu sustentabilidade e arte para transformar a escola e conquistar o 1º lugar no Prêmio Liga STEAM 2025
Uma iniciativa que começou com o desejo de revitalizar a entrada da escola, cresceu, ganhou forma e se transformou em um trabalho de investigação, criação e sustentabilidade que envolveu toda a comunidade escolar. Esse é o projeto Cores da Nossa Terra, desenvolvido pelos estudantes do 1º ano C da Escola Municipal Ida Francez Lombardi, no bairro Santa Fé, e que foi nacionalmente reconhecido ao vencer o Prêmio Liga STEAM 2025.
O processo nasceu simples, mas rapidamente ganhou profundidade: entre descobertas, experiências e colaboração, o Cores da Nossa Terra se tornou mais do que um projeto escolar, virou uma forma de enxergar o bairro, a natureza e a própria criação artística com outros olhos.
Segundo a professora Letícia Godinho Silva, que coordenou o projeto com os alunos, tudo começou quando a turma pensou em desenvolver um projeto de reforma na frente da escola. Ela contou que os alunos queriam colorir o chão, fazer amarelinhas, quem sabe, até, criar uma horta. “Conversando sobre essa questão da pintura, pensamos: vamos precisar de muitas tintas. E chegamos à conclusão de que não seria sustentável. E como já tínhamos trabalhado, no começo do ano, a questão de identidade dos povos indígenas, produzindo tintas naturais com açafrão, tintas naturais com cúrcuma, os alunos pensaram em utilizar essa técnica. Isso deu a ideia para todo o projeto”, explicou.
A pesquisa avançou para tintas de solo e outras alternativas naturais, com apoio de especialistas que forneceram amostras. “Testamos com repolho roxo, frutas, vegetais. A gente trazia, moía, misturava com cola e água, via o resultado e decidia se ia dar para usar”, lembrou. A tinta de solo se mostrou a mais eficiente – e ainda permitiu trabalhar a diversidade de terras do Brasil e do próprio bairro Santa Fé. “Coletamos no bairro e na região, misturamos duas partes de solo, duas de água e uma de cola, e fomos criando.” Com isso, o projeto ganhou duas frentes: as maquetes baseadas em bioconstrução, feitas com materiais orgânicos, e o grande mural, feito em um muro nos fundos da escola, pintado com tintas de terra. “Ficou muito legal o produto final. A escola inteira se envolveu, a comunidade veio ajudar”, salientou Letícia.
APRENDIZADO – Para as crianças, o projeto possibilitou experimentar novas formas de criar, entender na prática a relação entre sustentabilidade e arte e descobrir que é possível produzir com materiais do próprio ambiente.
Para a pequena Livia Leme, todo o processo foi empolgante. Ela contou que aprendeu a “pintar o muro, pintar e fazer as casinhas” na maquete, usando as terras coloridas.
“O que eu mais gostei de fazer foram as casinhas de argila”, acrescentou Enzo Gabriel da Silva Cunha.
Heloisa Vieira também destacou a importância da atenção com o meio ambiente, consciência aprendida durante o desenvolvimento do projeto. “A gente tem que cuidar da natureza”.
“A tinta de terra não faz mal para o meio ambiente, é muito bom tinta de terra. A gente fez de amora, de jenipapo, de vários tipos. Foi a coisa mais legal que eu aprendi na minha vida”, completou Heitor Amaral.
LIGA STEAM – O Prêmio Nacional Liga STEAM é realizado pela Fundação ArcelorMittal, com apoio técnico da Tríade Educacional, e tem o objetivo de fomentar a adoção da abordagem nas escolas brasileiras. Por meio de projetos que buscam solucionar problemas do cotidiano dos alunos, desenvolvidos em sala de aula, a abordagem promove a integração das áreas de ensino de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática.
Como vencedora do 1º lugar, a EM Ida Francez Lombardi receberá R$ 10 mil destinados à professora responsável pelo projeto, R$ 10 mil para compra de equipamentos ou benfeitorias para a escola e R$ 5 mil revertidos para premiação dos estudantes.



