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Rebentou, afinal, a República

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Os dias da proclamação da república, vistos por pessoas comuns, na Piracicaba de 1889

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Fábio San Juan
nov 15, 2024
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Rebentou, afinal, a República
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Trecho do romance “Piracicaba”, de David Antunes, publicado em 1959

Capa do romance “Piracicaba”, de David Antunes, ilustração por Angelino Stella, 1959.


“Rebentou, afinal, a República. Entrou a cidade em efervescência, aturdida com a inesperada notícia. Mas a abolição da escravatura exaurira a seiva da melhor exaltação e a República foi saudada com bem menor impetuosidade. Muitos, conquanto não se finassem de amores pelo regime decaído, entraram a indagar - “Será para melhor?” - como que pressentindo calamidades próximas.

Em todo o caso, até os monarquistas mais ferrenhos abaixaram a cabeça, aceitando a República sem relutância fazendo públicas declarações de sujeição à nova ordem.

Em casa de Artur foi como se morresse pessoa da família. Maldisseram Deodoro, monarquista e amigo do Imperador, por ser quem acompanhara o “viva à República” de Benjamin Constant e do Major Solon, momentos depois de ter erguido um ardoroso “viva à Sua Majestade”. Lucianinho e Cambinda, adeptos do novo regime, D. Efigênia, Cocota e D. Rafaela, que se converteram em republicanas tão cedo se conheceu a proclamação, afastaram-se da casa de Artur pela incompatibilidade da sua alegria com a tristeza mortal que lhe dominava o ambiente.

Em 1890 a má vontade contra monarquistas recrudesceu tanto, que Artur apenas se fazia visível no centro, aos domingos, quando ia à missa com a família.

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