Sem praças de pedágio, Bebel se volta à greve dos professores
Sua campanha entra em uma área cinzenta, sem motivo para voltar aos holofotes
A notícia de que não haverá mais praças de pedágio na SP 304, divulgada em Piracicaba pelo deputado estadual Alex de Madureira (PL), deixou a deputada estadual Professora Bebel (PT) um tanto quanto confusa, porque esvaziou sua campanha de oposição ao projeto do governo Tarcísio de Freitas, que ainda estava em fase de estudos.
Ela insiste agora na tese de que o governador precisa oficializar a retirada do projeto da pauta. Enquanto isso, manterá sua campanha contra os pedágios. Sua campanha cai, assim, em uma área cinzenta, sem motivo para voltar aos holofotes, a não ser como exercício de teimosia e riso.
Pareceria até uma discussão infantil, não fosse a necessidade da parlamentar de manter em evidência suas críticas ao governo estadual, visando a disputa presidencial de 2026. A postura da deputada, portanto, tem menos a ver com o pedágio em si e mais com a campanha pela reeleição de Lula, para a qual ela está empenhada. Criar obstáculos ao governador, com potencial de prejudicar sua imagem, é a estratégia de Bebel no plano nacional, o resto não tem importância.
Desde o início dos estudos sobre a viabilidade das praças de pedágio na região, o governador não falava com convicção sobre o projeto. Inclusive porque sua própria base na Alesp se posicionou contrária à iniciativa logo de imediato. Durante a inauguração da planta da Klabin em Piracicaba, o governador havia dito sobre a possibilidade de não haver os pedágios.
Mais do que se preocupar com a oposição, Tarcísio de Freitas passou a ver como um problema insolúvel o projeto, inclusive para a sua base parlamentar, com dificuldades para levar adiante uma ideia socialmente tão controversa. Partindo dessa premissa, a campanha de Bebel apenas reforçava uma intenção similar à dos seus opositores, que obtiveram êxito ao pressionar o governo estadual.
A busca por um ponto honroso nessa corrida de obstáculos coloca a deputada em modo desgaste. O melhor nesse momento para ela seria virar a chave e partir para outra frente de confronto e cuidar da própria pele. É o que ela vem fazendo ao forçar uma greve dos professores da rede estadual devido ao reajuste salarial da categoria. Neste terreno, ao menos, ela garante sua própria reeleição em 2026, usando o sindicato dos professores como alavanca para os seus votos na região de Piracicaba, já que as praças de pedágio miaram.