Simespi entrega reivindicações ao vice-presidente da República em Brasília
Impacto do ‘tarifaço’ sobre as exportações na economia da cidade preocupa dirigentes industriais
A audiência com o ministro Geraldo Alckmin aconteceu no Palácio do Planalto. Crédito da foto: Geovana Albuquerque
Diretores do Simespi (sindicato patronal das indústrias do setor metalmecânico de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras) estiveram em Brasília nesta quarta-feira (20), em audiência com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para entregar documento com reivindicações voltadas à redução dos impactos imediatos e de médio prazo do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras.
A reunião contou com a presença do presidente do Simespi, Erick Gomes, do vice-presidente, André Simioni, da diretora da Painco, Daniela Gobbo Cordeiro, e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e Região, Wagner da Silveira, o Juca, e o prefeito de Piracicaba, Helinho Zanatta (PSD). A agenda com o ministro foi intermediada pela deputada estadual Professora Bebel (PT), que participou da audiência.
No documento, o Simespi destaca que Piracicaba ocupa posição estratégica no comércio exterior brasileiro, sendo a quarta cidade do país que mais exporta para os Estados Unidos. No primeiro semestre de 2025, as exportações do município para aquele mercado somaram US$ 701 milhões, representando 32% do total exportado pela cidade.
O setor de máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos responde por 57,3% das exportações piracicabanas, somando aproximadamente US$ 569 milhões. Desse montante, mais de 90% (US$ 522 milhões) correspondem à linha amarela produzida por uma multinacional norte-americana instalada em Piracicaba, que destina cerca de 50% de sua produção ao mercado dos Estados Unidos e emprega diretamente cerca de 5.000 colaboradores.
O setor metalmecânico regional, de acordo com o documento, é formado por aproximadamente 1.400 empresas, sendo que as 257 associadas ao Simespi empregam diretamente mais de 30 mil pessoas, com salário médio de R$ 3.800. A aplicação do tarifaço afetará não apenas as exportadoras diretas, mas toda a cadeia produtiva, incluindo fornecedores de peças, componentes, insumos e serviços técnicos, fortemente dependentes do desempenho das empresas líderes no mercado internacional.
Além do segmento de máquinas e equipamentos, o documento alerta que as exportações de açúcares e produtos de confeitaria (9,2%) e de produtos químicos orgânicos (7,5%) também poderão ser prejudicadas, considerando que os Estados Unidos já respondem por mais de 40% das vendas externas da cidade. “Muitas empresas da base do Simespi são fornecedoras relevantes do setor sucroenergético e serão impactadas”, alerta o documento.
Diante da situação, as estimativas apontam que, somente no setor metalmecânico de Piracicaba, haverá perto de 5.000 demissões a partir de novembro deste ano, o que significaria aproximadamente R$ 60 milhões em gastos do governo com seguro-desemprego. Esse cenário também impactará diretamente o comércio local, já que, apenas de vale-alimentação, mais de R$ 2 milhões deixarão de circular mensalmente na economia da cidade. Os reflexos também serão fortemente sentidos na rede pública de saúde (SUS) e na rede pública de ensino, que sofrerão pressão adicional diante da retração econômica e do aumento do desemprego.
Diante desse quadro, o Simespi reivindica a adoção de medidas emergenciais de apoio às exportações, incluindo linhas de crédito especiais para compensar a perda de competitividade, a abertura e diversificação de mercados internacionais para reduzir a dependência dos EUA, o fortalecimento da política industrial nacional, com foco em inovação e tecnologia, e a intensificação da defesa institucional do setor junto a organismos internacionais, buscando alternativas comerciais e diplomáticas que possam mitigar os efeitos da sobretaxa.
“O documento entregue em Brasília traduz a preocupação da indústria metalmecânica de Piracicaba e região com os impactos do tarifaço norte-americano. Nosso objetivo é sensibilizar o governo federal sobre a urgência de medidas que preservem a competitividade das empresas e a manutenção de milhares de empregos”, destacou o presidente do Simespi, Erick Gomes.