Sobre movimento político e a perspectiva Barjas Negri
Tudo indica que o ex-prefeito sonha encerrar sua carreira política mirando o rio Piracicaba do alto
Barjas Negri (PSDB) não para. Sua natureza política é assim. A certeza de que existe um espaço no front para seu trabalho como articulador e de liderança em defesa de Piracicaba o lança para mais uma jornada. Desta vez, os sinais são de que constrói uma agenda parlamentar. A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) talvez seja o seu alvo. Potencial para obter sucesso na empreitada não lhe falta. Caso seja bem-sucedido em 2026, a chefia do executivo local voltará a ser sua ambição. A Alesp seria apenas para calibrar seu potencial de voto.
Por isso o deputado estadual Alex de Madureira (PL) não pode brincar em serviço até lá, porque terá um páreo duro pela frente e sua reeleição dependerá também de uma boa votação em Piracicaba. Com Barjas no caminho, seus passos serão monitorados em detalhes e os resultados de seu mandato terão que aparecer. O eleitorado vai medir desempenho. Durante a campanha para prefeito, o tucano não se cansava de falar que os deputados precisavam “ajudar mais Piracicaba”. Provavelmente esta será a matriz do seu discurso, mesclado com experiência, que de fato ele possui.
Caso Barjas vença esta etapa, seu telescópio se voltará para o Centro Cívico. O alvo, nesse caso, será o atual prefeito Helinho Zanatta (PSD). Até aqui, o chefe do 11º andar vai bem. Mas o ano político começa apenas em fevereiro, com o fim do recesso parlamentar e a volta do dinamismo camarário. Os desafios adiante são imensos. Se desvencilhar dos embaraços cridos pela atual reforma administrativa é um deles. Se o Ministério Público voltar a agir e a Justiça acompanhar, há grandes possibilidades de o PL ter que passar por nova elaboração antes de ser votada novamente, diante de uma nova ADI.
Será, de certa forma, uma derrota para Helinho Zanatta. É fato que ele resolveu enfrentar o MP e a Justiça ao aprovar o PL da Reforma Administrativa como ela estava. Mas se tudo ficar por isso mesmo, ele terá dado um forte passo para dividir espaço com as forças políticas da cidade que o ajudaram a se eleger, o que o fortalecerá. É nessa composição de poder que os atritos também costumam se avolumar, pois se trata de um processo delicado, com interesses antagônicos, o que exige arte e monitoramento permanente para o apaziguamento.
O desempenho da gestão municipal até 2026 será um ingrediente a nortear a movimentação dos agentes políticos. Até lá, Zanatta já terá mostrado a que veio e Barjas saberá o rumo da sua biruta política. Estas são observações importantes que precisam estar no radar, porque dão riqueza ao processo e exigem posicionamento e qualidade nas ações. Claro que o tucano poderá mirar mais alto em 2026 e almejar uma cadeira em Brasília. Nesse caso, seus passos deveriam ser mais regionalizados, o que não parece estar ocorrendo nesses primeiros minutos do jogo. Tudo indica que o ex-prefeito sonha encerrar sua carreira política mirando o rio Piracicaba do alto.