Sobre os R$ 400 mil desviados do Semae
A autarquia tenta tranquilizar aqueles que acham que ela está caçando mosca; não, esta função é do CCZ
Em um sábado de junho deste ano, mais precisamente no dia 29, o Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae), via assessoria de comunicação da prefeitura de Piracicaba, enviou uma nota à imprensa informando que a conta bancária da autarquia havia sido violada dois dias antes, com a transferência criminosa, via PIX, de R$ 400 mil para uma conta desconhecida (talvez).
Quase nada mais foi dito, além de que PIX não faz parte do rol de suas operações financeiras e que a empresa estava tomando as providências legais cabíveis.
Ontem (30), seis meses após, a autarquia soltou uma nova nota informando que “a conclusão do processo sindicante (do processo acima) apontou uma falha no sistema de segurança bancária.” Nenhuma novidade até aqui. Muito pelo contrário, apenas uma obviedade. No parágrafo seguinte há uma recuperação rápida da ocorrência.
“O fato ocorreu em junho deste ano, quando criminosos, por meio de acesso ilegal a um computador do Semae, obtiveram informações sigilosas e realizaram transferências financeiras via Pix. É importante destacar que essa modalidade de pagamento não integra o rol de operações financeiras utilizadas pela autarquia.”
O desenrolar do processo é ainda mais inócuo: “Assim que a irregularidade foi identificada, o Semae tomou medidas imediatas, incluindo o registro de boletim de ocorrência e a abertura de investigação interna. A autarquia também colaborou com os órgãos de segurança para apuração dos fatos.” Imagine se não tivesse feito o elementar?
Como conclusão, nada: “Na próxima etapa, o Semae seguirá com as providências legais necessárias. Reforçamos nosso compromisso com a transparência e a segurança de nossos processos.” Ou seja, tungaram o Semae em R$ 400 mil no meio do ano, o novo calendário está se abrindo e a autarquia ainda não tem nada a dizer sobre o crime.
Vale lembra que o Semae já foi lesado em R$ 5 milhões pela empresa Easy Bank Comércio e Serviços Ltda, em uma operação meticulosamente elaborada desde 1999 e até hoje não fez absolutamente nada para reverter essa história. O que seriam R$ 400 mil?
Se a autarquia for tão rápida para desvendar “esse mistério" quanto vem sendo para resolver os problemas de vazamento de água na rede pública, os bandidos podem ficar sossegados. É sombra e água fresca.