Sobretaxa: Mensagens indiretas devem ser consideradas
O movimento de Trump teria como pano de fundo cobrar uma nova postura da corte brasileira, o que oxigenaria o mercado virtual e de opiniões sem o cala a boca de Moraes e sua banda.
É difícil pedir inteligência a Trump. Com a sobretaxação aplicada ao Brasil, podemos supor que ele quis atingir vários pontos da política nacional onde considera relevante ajuste de rota. Comecemos pelo primeiro, que se chama Supremo Tribunal Federal (STF).
Tudo indica, a censura aplicada às redes sociais está afetando os negócios das big techs no lado norte. O movimento de Trump teria como pano de fundo cobrar uma nova postura da corte brasileira, o que oxigenaria o mercado virtual e de opiniões sem o cala a boca de Moraes e sua banda.
Trump estaria cobrando também uma postura do parlamento brasileiro, único capaz de limpar a barra de Bolsonaro, impedindo sua prisão iminente, mesmo que ele continue inelegível. Os deputados e senadores poderiam anistiá-lo e, com isso, beneficiar Lula e do STF indiretamente.
Como já apontado no post anterior, em que trato dos Brics, este é de fato um ponto nefrálgico para os EUA e Lula conseguiu colocar mais pimenta na questão ao publicar artigo a respeito na imprensa internacional, usando como pretexto o tal “multilateralismo”, em que ele se junta aos países que desrespeitam os direitos humanos para investir na criação de uma nova meda, paralela ao dólar, que orienta o mercado internacional.
Quanto à economia propriamente dita, ou seja, quanto ao impacto da sobretaxa de 50% ao Brasil, parece que foi apenas um pretexto para colocar peso na conversa e mobilizar o empresariado nacional, que cobraria atitudes menos belicistas dos poderes nacionais e arrumariam a casa sem ideologias corrosivas.
Se Lula e sua turma do Itamaraty não cometerem nenhum deslize, parece até que a sobretaxa desaparecerá naturalmente. Ou se ajustará a um patamar realista. No entanto, os demais pontos acima precisam ser considerados com alguma urgência e prudência. A tese de que o Brasil não pode ser capacho dos EUA é bonita de ouvir, mas é preciso ter juízo nessa hora para não agir sem uma estratégia favorável ao país.