Ter um objetivo de vida está relacionado ao envelhecimento saudável
De acordo com Egídio Dórea, a motivação individual pode estimular o cuidado do corpo e da mente

Sentir que há um caminho e significado nas ações tomadas por cada um faz parte do conceito de propósito. A ideia funciona como guia para as metas e decisões firmadas ao longo das diferentes fases da vida, traz bem-estar psicológico e, consequentemente, benefícios para o aspecto físico.
As filosofias que se debruçam diante do propósito também são estratégias que ajudam a encontrar a felicidade e realização pessoal. O ikigai é uma linha de pensamento japonesa que combina razão de viver, gostos, o que é bom, o que o mundo precisa e o que pode ser pago. A ideia vem da província de Okinawa, conhecida por ter uma população com alta expectativa de vida, em comparação com o resto do mundo.
Na Índia, o dharma é um dos pilares da filosofia hindu. O conceito diz respeito à lei natural que conduz o Universo e as ações humanas, ou seja, rege o caminho individual de cada pessoa, de acordo com suas habilidades e as contribuições positivas para o mundo.
Ubuntu é outro exemplo de pensamento, o qual faz parte da cultura africana. De acordo com essa abordagem, um indivíduo só existe através dos demais e a autodescoberta fortalece o senso de pertencimento e comunidade.
Ações
O propósito pode ser desenvolvido por meio de atividades no dia a dia. Para Egídio Dórea, médico e coordenador do programa USP 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo, o início dessa busca está relacionado à autorreflexão. “O que te faz sentir vivo?”, “Quais são as suas habilidades que você mais gosta?” e “Posso contribuir para o mundo com isso” são questionamentos que o especialista indica para se descobrir.
A meditação é uma prática que auxilia no alinhamento das ações com os valores, o que “pode catalisar os pensamentos até um senso de direção próprio”, segundo Dórea. Atividades fora do cotidiano, como o voluntariado, hobbies, cursos ou mentorear outra pessoa também podem atuar na descoberta de pontos fortes.
O médico indica que viver em comunidade, trocar conhecimentos, conversar e participar de eventos em comum favorecem o bem-estar. Entretanto, é normal a mudança dos propósitos conforme a vida passa. “Na juventude, pode estar ligado à carreira ou à constituição de uma família. Na meia-idade, em impactos sociais ou autodescoberta. Já na velhice, em compartilhar histórias, vivências ou fazer parte de grupos sociais”, explica.
Benefícios
“Ter um propósito está ligado à longevidade saudável, pois nos motiva a cuidar do corpo e da mente”, afirma Egídio Dórea. A motivação na vida reduz o estresse, melhora a saúde mental e incentiva hábitos bons para o organismo, como seguir uma dieta equilibrada e praticar exercícios.
Outros efeitos são observados na diminuição da mortalidade e de outras ocorrências, como o Alzheimer, distúrbios do sono e doenças do coração, por exemplo. Também o favorecimento da atividade cerebral.
Diante de um maior nível de felicidade e realização pessoal, pacientes também podem aceitar melhor os tratamentos: “O risco de hospitalizações cai e a pessoa cria uma resiliência maior com a vida, tanto no enfrentamento das adversidades como na adoção de boas práticas para si mesma”, finaliza. (Fonte: Jornal da USP)



