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Uma polêmica movida a desinformação...

Ou a interesses políticos escusos, que precisam ser evidenciados

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Romualdo da Cruz Filho
mai 19, 2025
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Imagem provocativa criada por AI - Bing.com

É fenomenal a maneira de pensar de parcela dos participantes que se opõem à construção do Boulevard Boyes, na área onde ficam os escombros da antiga fábrica Boyes, próximo à ponte pênsil. “Ninguém é contra o desenvolvimento, somos contra a destruição do patrimônio histórico da cidade”, disse um leitor do Viletim, que integra o movimento.

Quando se lê uma frase assim, de antemão, não dá para identificar exatamente o ponto central da defesa do interlocutor. Quando ele fala em destruição, será que se refere aos prédios da Boyes ou ao que os manifestantes estão chamando de “complexo Beira-Rio”?

Se forem os prédios, eles já estão há décadas se desfazendo e, se nenhuma providência for tomada, tendem a se tornar ruínas. O projeto é uma proposta de preservar esses monumentos antes que desapareçam, preservando, consequentemente, a história da cidade e dando ao local outra finalidade.

Tem-se afirmado que o boulevard vai destruir a paisagem local, desfigurando o projeto beira-rio. Não é o que pensam, por exemplo, dois grandes especialistas no assunto, como o professor Haroldo Gallo, da Unicamp, e a professora Ana Ditolvo, considerados os maiores estudiosos em patrimônio histórico do país.

Eles já emitiram parecer favorável ao empreendimento, mostrando sua integração com o Engenho Central e a Casa do Povoador. Nas esferas técnicas do Codepac (municipal), Condephaat (estadual) e do Iphan (federal) também já há manifestações favoráveis ao projeto. O movimento tenta, sim, pressionar para haver uma reversão dos posicionamentos anteriores desses órgãos oficiais.

Evidente que se pode ter um olhar crítico em relação à altura das torres de apartamentos que fazem parte do complexo, por exemplo. Mesmo assim, não passa de percepção de leigo diante do posicionamento técnico de quem estuda, entende e trabalha com o assunto diuturnamente.

A audiência pública de amanhã (20), no Engenho Central, no meu entender, deveria ser sim um momento de questionamentos, mas para se compreender melhor o projeto e ter a certeza de que os empresários não estão se aventurando em uma ceara desconhecida, mas tiveram a responsabilidade de consultar autoridades para se certificar de que seus propósitos são legítimos e sustentáveis.

Vista por esta ótica, a frase do leitor do Viletim passa a fazer pleno sentido: “Ninguém é contra o desenvolvimento, somos contra a destruição do patrimônio histórico da cidade”. Como o projeto é sim desenvolvimentista e não vai destruir o patrimônio histórico da cidade, subentende-se que estamos todos de acordo.

Um segundo ponto de reflexão é que o governo municipal não tem orçamento para bancar uma Boyes como sendo extensão do Engenho Central. Precisa sim de uma injeção de investimentos da inciativa privada para sair do marasmo cultural. Nem mesmo o Engenho Central está completamente desenvolvido. Há pelo menos quatro prédios em seu complexo que carecem de investimentos para que possam ser utilizados.

Esta sim seria uma boa campanha dos críticos do projeto Boulevard Boyes: Fazer com que o Engenho revigore toda a sua estrutura. E olha que já se passaram várias décadas do seu tombamento. Ampliar os escombros da cidade sob a guarda do governo municipal é um atraso imenso, porque tudo vai ficar parado por muito tempo, causando sempre a impressão de abandono. Não há recursos públicos para esse tipo de investimento.

Piracicaba não merece isso. Além de que, o novo espaço só serviria para esconder militantes da cultura oficial, que poucas luzes trazem ao desenvolvimento real de uma cidade, gerando ainda mais atraso. Vamos parar de brincar de subdesenvolvimentismo petista. Governo não gera riqueza, como pensam esses próceres dogmáticos.

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Romualdo da Cruz Filho
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