USP oferece 234 vagas para medalhistas de olimpíadas do conhecimento
Premiados em competições nacionais e internacionais podem se inscrever gratuitamente no site da Fuvest para ingressar na Universidade; oportunidades abrangem todos os campi e áreas do conhecimento
A USP está oferecendo 234 vagas para estudantes premiados em olimpíadas do conhecimento nacionais e internacionais. As oportunidades contemplam mais de 100 cursos de graduação, distribuídos pelos sete campi da instituição — São Paulo, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos — e são destinadas ao ingresso no primeiro semestre de 2026. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo site da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), entre os dias 5 e 16 de janeiro.
Podem participar candidatos que tenham cursado o Ensino Médio em escolas públicas ou privadas brasileiras ou com equivalência reconhecida e que tenham sido premiados, durante os dois últimos anos, em competições acadêmicas aceitas pela Universidade.
“A experiência com esta ação tem sido muito positiva e, nos últimos anos, a USP vem ampliando a sua adesão, o que mostra a confiança da comunidade uspiana na proposta, com as unidades abrindo mais vagas específicas para medalhistas. Ao mesmo tempo, há uma grande preocupação com a seriedade e a credibilidade dessas competições. Hoje existem muitas olimpíadas, de todos os tipos e níveis, e por isso criamos uma comissão com membros do Conselho de Graduação para avaliar criteriosamente cada uma delas. Essa equipe analisa de forma colegiada todos os aspectos das provas e sua organização, com o objetivo de garantir que apenas eventos que correspondam aos critérios estabelecidos coletivamente façam parte da lista oficial da USP”, explica o pró-reitor adjunto de Graduação, Marcos Garcia Neira.
O candidato poderá se inscrever em até três cursos, definindo a ordem de prioridade. A classificação será feita com base na pontuação atribuída ao desempenho do estudante nas competições, considerando o tipo de medalha obtida. São aceitas apenas medalhas individuais e as pontuações variam conforme o nível da conquista: medalhas de bronze garantem 1 ponto nas premiações nacionais e 4 nas internacionais; medalhas de prata equivalem a 2 pontos nas nacionais e 5 nas internacionais; e medalhas de ouro somam 3 pontos nas nacionais e 6 nas internacionais.
Neira ressalta o caráter interdisciplinar da proposta: “Um avanço importante que tivemos é que, agora, qualquer medalhista de uma olimpíada reconhecida pela USP pode concorrer a qualquer curso, independentemente da área de conhecimento. Ou seja, um estudante premiado em uma competição de Química pode usar essa conquista para ingressar em História, e isso está absolutamente dentro das regras. Queremos romper com a ideia de que a medalha vincula o candidato obrigatoriamente à área da competição. O foco é valorizar o mérito, o raciocínio e o esforço intelectual desses jovens e não limitar suas possibilidades de escolha”, diz.
As vagas abrangem todos os campos de estudo. Há oportunidades em cursos de ciências exatas e engenharias, como Engenharia de Produção, Física, Astronomia e Ciência da Computação, bem como em áreas de humanas, como Administração, Ciências Sociais, Arquitetura e Design, e também nas biológicas, com opções em Medicina, Farmácia, Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas.
O ingresso por meio das olimpíadas do conhecimento é uma das quatro formas de acesso à graduação da USP, ao lado do vestibular da Fuvest, do Enem-USP e do Provão Paulista Seriado. Em 2026, além das 234 vagas destinadas aos participantes dessas competições, a Universidade oferecerá 11.147 vagas pelos demais processos seletivos.
Os candidatos aprovados deverão acompanhar as etapas de matrícula e as convocações para as próximas chamadas diretamente no site da Fuvest, que também tem o edital completo com todas as informações sobre as competições aceitas, a pontuação mínima exigida, a distribuição das vagas por curso e campus, além do cronograma de inscrição e matrícula.
A experiência dos ingressantes
Alexandre Andrade de Almeida, que ingressou neste ano no curso de Medicina, já acumulou cerca de 100 medalhas ao longo da sua vida escolar. “Essa experiência me permitiu desenvolver uma série de habilidades, como lidar com a pressão, trabalhar em grupo, executar a prática experimental e estudar de forma eficiente. São competências que agora me ajudam muito nas disciplinas da graduação, mostrando o quanto as olimpíadas científicas não só agregam na vida dos estudantes, mas, principalmente, contribuem para uma maior diversidade do corpo discente, trazendo para a Universidade pessoas que carregam uma bagagem e um perfil de comprometimento e estudo”, avalia.
O estudante garantiu o acesso à Faculdade de Medicina com 17 medalhas de ouro e prata entre 2023 e 2024 em diversas olimpíadas, como a International Biology Olympiad, a Olimpíada Ibero-americana de Biologia, a Olimpíada Ibero-americana de Física, a Olimpíada Ibero-americana de Química, a Olimpíada Brasileira de Biologia, a Olimpíada Brasileira de Física, a Olimpíada Brasileira de Química, a Olimpíada Nacional de Ciências, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e a Olimpíada Brasileira de Robótica. “Sempre gostei das ciências da natureza. Quando tinha 10 anos, eu pegava lagartas, colocava em um pote de vidro, observava e registrava todo o ciclo até virar borboleta. Nessa mesma época, mudei de escola e tive o meu primeiro contato com as olimpíadas. No 5° ano conquistei minhas duas primeiras medalhas de ouro, uma da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e outra da Olimpíada Paulista de Física. Minha escola contava com professores dedicados à preparação para torneios científicos e os meus pais sempre me estimularam a participar. Em 2023, vi o edital das vagas olímpicas da USP e percebi que, se eu me dedicasse ainda mais a essas participações, eu poderia conseguir entrar na Faculdade de Medicina”, conta ele.
Para Rafaela Silva Duarte, aluna do curso de Química, as expectativas não estavam necessariamente ligadas à conquista de uma vaga na USP, mas ela acabou ingressando no Instituto de Química em 2025 com medalhas de ouro e bronze na Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) e participações na Olimpíada Brasileira de Física (OBF) e Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB). “Eu participava por satisfação pessoal, pois achava legal, desafiador e diferente das provas comuns. Era uma forma de estudar de outro jeito, de testar o que eu sabia e de aprender mais sobre temas que eu gostava, especialmente biologia e lógica. Claro que ganhar medalhas é algo muito bom, mas esse não era necessariamente o objetivo principal, que tinha muito a ver com o aprendizado e com a experiência.”
“No caso da ONC, por exemplo, o processo é muito interessante porque ele é multidisciplinar e abrange várias áreas, então, mesmo quem não vai tão bem em uma matéria pode se destacar em outra”, observa Rafaela. Suas experiências com esse tipo de prova começaram cedo, e renderam diversas medalhas ao longo dos anos. “Comecei no Ensino Fundamental em desafios como a Canguru, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). No Ensino Médio, ampliei ainda mais as competições em que me envolvia, sempre com o incentivo da minha escola, que divulgava as provas e oferecia aulas voltadas para isso no contraturno.” Ela aponta o caráter lúdico e social que este tipo de estudo proporciona aos jovens: “Havia um lado muito bom de convivência. As olimpíadas acabavam virando momentos de estudo e interação com amigos e professores. A gente ficava até mais tarde se preparando, almoçava junto e trocava ideias. Em relação à possibilidade de ingresso na Universidade, eu imaginava que era algo distante, quase impossível. Acho que muita gente tem essa ideia de que só gênios conseguem entrar por esse tipo de vaga e eu também pensava assim. Mas, quando você passa, percebe que também é muito uma questão de dedicação e curiosidade”.






