Variações sobre o pessimismo
A terceira via mira o horizonte e não encontra ponto seguro para fixar os olhos
O momento político é um exercício de imaginação com imagens sem sentido. Não há nada de seguro que nos garanta um entendimento objetivo da realidade.
Para os que olham à esquerda e pensam no futuro do lulismo, se deparam com um amanhã sombrio, considerando um presidente envelhecido, em queda livre diante da opinião pública e sem sucessores à altura.
Quem prefere olhar do outro lado, vê um bolsonarismo apreensivo com a situação do ex-presidente, que pode ser tanto a prisão, a redenção ou nenhuma das anteriores, mas sem prazo para qualquer uma das possibilidades.
A terceira via mira o horizonte e não encontra ponto seguro para fixar os olhos. Ouve apenas nomes aleatórios e estranhos, sem nenhuma força para ser opção ou, ao menos, um animador de festa.
Há os outsiders que ciscam em ribaltas virtuais e prometem adentrar à realidade no momento oportuno. Mas se parecem, até o momento, com as novidades de sempre, sem muito potencial para movimentar o grande público.
E por falar em grande público, tudo indica que o melhor é esperar até que algo de novo surja e seja capaz de nos tirar desse ambiente sem sentido.
Por falta de perspectiva, o Brasil é uma incógnita, é um ambiente sem sentido. Os discursos são exercitados, à direita e à esquerda, mas não convencem ninguém.
O Brasileiro médio sabe que o pior está sempre por vir, por isso, prefere não se estressar por pouca coisa, até que tenha a certeza de que o pior ainda está por vir.
O máximo que pode acontecer é surgir do fim da estrada deserta um calango doido e roubar a cena.
De tantos filmes assistidos, esta hipótese cinematográfica, mesmo que remota, começa a fervilhar em mentes que não perdem a oportunidade para uma boa gargalhada sem sentido.