XV de Piracicaba: Vai vendo
Motivo de piada ou não, é fato que o time precisou de um crime para ter grama onde pudesse treinar e jogar
Imagem bing AI
Analogias nem sempre são bem-vindas para se analisar um cenário depreciativo, especialmente quando o assunto é futebol. Como diz o velho articulista, há momentos em que as analogias pedem atenção, mesmo que ela nos dê uma relação incompleta da realidade.
Claro que o assunto é o XV de Piracicaba. Mas a analogia aqui é com o time pernambucano Retrô, que abateu ontem (21) o Fortaleza em pleno Castelão (Copa do Brasil). Um time nascido em 2016 e que se profissionalizou em 2019. Ou seja, um time profissional com apenas 6 anos de existência. É um bebê perto do ancião alvinegro, fundado em 1913.
Claro que o Retrô pode ser considerado um time de sorte, por ter como base uma estrutura de treinamento milionária. Mas o centenário Nhô Quim também teve seus momentos em que não faltaram recursos financeiros para ter ao menos um centro de treinamento digno. Lembra-se da TAM?
Hoje, o time piracicabano é motivo de piada, porque não teve escopo para vencer sequer o Capivariano no último campeonato da série A2 Paulista, time da cidade vizinha com uma população pouco acima de 50 mil habitantes, um décimo de Piracicaba.
Ou seja, até o Leão da Sorocabana deu show no XV de Piracicaba no quesito conceito empresarial e estrutural do time, ao se tornar SAF (Sociedade Anônima do Futebol) em 2023. Por aqui, somente agora se começa a falar na danada sigla que tem alavancado muitos times Brasil adentro.
Enfim, vamos à analogia mortal com o Retrô. Se um time bebê consegue dar uma demonstração imensa de qualidade, é porque também não brinca em serviço, tendo adotado a condição de SAF em 2022, fazendo bom uso de sua central de treinamentos. Por outro lado, o XV de Piracicaba, que somente agora começa a pensar SAF, precisou de um crime para conseguir trocar seu gramado.
Não é piada. O estádio Barão da Serra Negra, que tem se tornado uma vergonha para a cidade devido ao seu estado lastimável, precisou de um MC Ryan para ter seu terreno em condições dignas de se jogar bola. Isso mesmo, um crime contra o patrimônio, que resultou em uma doação de quase um milhão pelo réu, foi necessário para que os nossos craques tivessem grama para treinar e para jogar. Vai vendo.