"Não tenho tempo para ler"
Uma doença grave com vários sintomas assola nosso país; há remédio?
Se você se preocupa com a leitura no Brasil, os hábitos a ela ligados, a cultura e a educação, penso que vai tirar proveito deste texto. Escrevo a partir dos números da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que você pode acessar diretamente clicando na imagem abaixo.
Os números são alarmantes, têm mostrado ano a ano o nosso fracasso como sociedade em formar pessoas que possuam o mais básico da educação civilizada: a capacidade de aprender sozinho qualquer coisa que se deseje, através da leitura. Tudo o mais - participação social consciente numa democracia eletiva, garantia do Estado de Direito, desenvolvimento econômico, crescimento material, cultural e espiritual - decorre disto.
O resultado da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2024, divulgada no último dia 19 de novembro,1 preocupou a parcela da sociedade que sabe da importância da leitura. Essa preocupação mostrou-se em manchetes alarmadas em vários veículos de comunicação. Quem gosta de ler, quem se interessa pelo o que se passa ao seu redor, ao menos ficou sabendo, ou quis saber os detalhes a respeito lendo os artigos, assistindo à notícia no telejornal ou vendo algum vídeo.
Dos brasileiros que responderam à pergunta “você leu algum livro, ou mesmo um trecho dele, no último ano?”, 53% disseram “não”, não abriram para ler nenhum livro, nem mesmo para ler algum trecho da Bíblia, o título tradicionalmente mais citado na pesquisa ao longo dos anos. Houve uma redução de 6,7 milhões de leitores em relação à pesquisa de 2023.
De uma população de 212.583.750 habitantes no Brasil, temos 47% de leitores, o que resulta em 99.914.362 leitores estimados2. É surpresa para ninguém que, tirando os escolares e leitores não-literários (pessoas que leem por obrigação profissional, principalmente livros técnicos), o número cai para 28% dos brasileiros, ou seja, 59.523.450 leitores habituais, que leem por hábito, por prazer.
Os motivos declarados para não ler, por estes 53% de entrevistados, foram os seguintes (clique na imagem para ampliá-la):