O tempo passa, mas esquerda e direita se encontram em 1964
Lula se parece com Antonio Conselheiro em seus delírios messiânicos
Se os Bolsonaros são casos explícitos de condutas problemáticas e até doentias (leia aqui!), o presidente Lula não fica atrás. Está paranoico e seu eleitorado tem percebido isso. Ele está se achando o Moisés de Garanhuns, como dizem acertadamente os jornalistas do site oantagonista. Em discurso recente, ao tratar da água do rio São Francisco, canalizada para abastecer algumas regiões do Nordeste, o presidente disse mais ou menos assim: “Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu seria eleito e traria água para vocês”.
Lula se parece com Antonio Conselheiro em seus delírios messiânicos. Sempre superlativo, disse recentemente também que não existe ninguém com o coração tão bom como o dele. Para fortalecer suas malditas, não perde a oportunidade de afirmar que está cada dia mais socialista. É a forma que encontrou de assumir seu assistencialismo incontornável, que torna o povo dependente do seu governo. Quem gosta disso tem tendência para a escravidão, no sentido Hayek do termo.
Mas o seu apetite no momento está em tentar furar os olhos de Eduardo Bolsonaro, por causa do tarifaço trumpista. Quer a cabeça do moço e usa as bobagens que o rapaz vem fazendo e falando nas redes sociais para manter o antagonismo com o pai dele, Jair Bolsonaro. Sem um antagonista para chamar de seu, Lula desaparece. Já estava desaparecendo quando o tarifaço chegou para fazer brilhar seus olhos e alimentar seus anseios de se perpetuar no poder.
Em meio à desgraça alheia, Lula cresce com maestria. Ele é bom em tirar proveito em momentos atípicos, em que clichês do velho sindicalismo podem ser sacados para alegrar a torcida. E contra quem? Contra o imperialismo, contra os EUA, contra Trump. Ele enche a boa e abraça uma expressão salva-vidas: “soberania”. Esta palavra perde completamente o sentido original em seus discursos, porque ela se torna um ente sagrado, uma musa que vai ressuscitar sua força política e o eleger para mais um mandato presidencial.
Com a danada soberania lulista, não há espaço para mais ninguém. Só ele entende do assunto. Só a soberania entende Lula. Ela fala com Lula e orienta Lula em tudo. Ele beija a Soberania em público e deixa a Janja com muito ciúmes. “Ele me trocou por uma tal Soberania”, deve pensar ela, que fica perdida na situação, porque entre ela e a Soberania, Lula não tem dúvidas.
Enquanto isso, a economia despenca, o déficit fiscal estoura, as trapaças para desrespeitar a meta fiscal entram em cena e o trabalhador vai pagar o pato. E o povo brasileiro vai sofrer com mais inflação, porque a taxa Selic vai ter que bancar a situação nas alturas. Os setores industriais e do agronegócio afetados pelo tarifaço do Trump vão se endividar e se tornarão também Lulo-dependentes. Um destino inglório, até que o mercado se assente e os EUA troque de presidente. Tudo rimando, como numa poesia da catástrofe.
O jornalista Mário Sabido tem defendido inclusive – para contornar esse cenário, que pode ser muito trágico para os setores afetados, envolvendo boa parte do Estado de São Paulo – que o Congresso comece a discutir uma anistia aos Bolsonaros. Ressalva apenas que a inelegibilidade do ex-presidente estaria de bom tamanho. Não sei se ele estaria errado. Mas nesse ambiente de tantas delinquências, pensar isso pode ser visto como uma defesa das loucuras bolsonaristas. Mas não é. Como Sabino mesmo disse, são questões que podem ser superadas diante de um país em que as pessoas precisam trabalhar e tocar a vida.
Mas é impossível imaginar que um Lula, com um coração tão bom como o de mais ninguém, seja capaz de aceitar uma coisa dessa. Inclusive agora em que ele está enamorado com a Soberania e encontrou em Eduardo Bolsonaro o porta-vos para os seus desafetos, e em Trump o nome certo para dar vida eterna ao verdadeiro homem nascido politicamente em 1964 (Regime Militar), num ambiente que forjou sua mentalidade e da qual ele não se livrou até hoje. Evidente que a direita Brasileira atual também está no mesmo quadro que Lula, petrificada na mesma imagem. Ideias de antagonistas.